Search
Close this search box.
Search
Close this search box.

Trama golpista e 8/1 no mesmo processo é uma girafa no STF – 01/03/2025 – Elio Gaspari

A imagem mostra um grupo de pessoas caminhando em um espaço interno, onde há grafites nas paredes. As inscrições em tinta preta incluem frases como

Boa parte deste ano será consumida pelo julgamento, no Supremo Tribunal Federal, do plano de golpe de 2022/2023. O inquérito está na mesa do ministro Alexandre de Moraes a partir de um critério que colocou o golpe no mesmo processo do 8 de janeiro.

Entende-se que as invasões do Planalto, do STF e do Congresso foram parte de um plano golpista gestado meses antes. Os delinquentes de janeiro queriam a mesma coisa que os planejadores de um golpe logo depois da eleição de Lula, em novembro. É a velha questão: quem vem antes, o ovo ou a galinha? O planejamento do golpe seria a nascente, e o 8 de janeiro, a foz.

Apesar disso, no dia 8 de janeiro Jair Bolsonaro estava nos Estados Unidos e o grosso da documentação que instrui a denúncia dos golpistas refere-se a fatos ocorridos em novembro e dezembro de 2022.

O 8 de janeiro, chamado de “Festa da Selma”, previa as invasões e um caos. Assim, estaria feita a omelete que levaria à decretação de medidas excepcionais como o Estado de Defesa ou um decreto de Garantia da Lei e da Ordem, dando poder a militares.

Quem deveria assinar a GLO? Lula, que não quis fazê-lo.

Mais: de acordo com o relatório da Polícia Federal e a denúncia do procurador-geral, até mesmo o golpe de 2022 dependia de um ato formal de Bolsonaro, decretando o estado de sítio ou de defesa. O general Estevam Theophilo, por exemplo, está denunciado por ter dito a Bolsonaro que moveria sua tropa se ele assinasse o decreto. Assinou? Não.

O inquérito do 8 de janeiro documenta fatos que aconteceram. Os documentos da trama golpista revelam que os planos existiram e não foram adiante. As duas coisas podiam ter o mesmo objetivo, ainda assim, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

O procurador-geral Gonet afirmou que Bolsonaro recebeu o projeto do “Punhal Verde Amarelo” e com ele “anuiu”. Só com a oitiva de testemunhas será possível avaliar o peso desse “anuiu”.

A defesa de Bolsonaro entrou em campo com a firmeza dos suicidas, pedindo o impedimento dos juízes Flávio Dino (ministro da Justiça de Lula) e Cristiano Zanin (advogado de Lula nos processos de Curitiba). Pura cenografia.

Colocando-se a trama golpista de 2022 no mesmo processo do 8 de janeiro de 2023, esticaram-se as pernas e o pescoço do bicho, encolhendo-lhe a cabeça. Ficou bonito, até elegante, mas é uma girafa.

A alma do Rio

Por mais que as maltratem, as escolas de samba carregam um pedaço da alma do Rio.

Na noite de hoje a Mangueira desfilará para o mundo com seu samba-enredo “À Flor da Terra – No Rio da Negritude entre Dores e Paixões”.

Convidado na quinta-feira, no meio dos passistas estará o jovem mototaxista Thiago Marques.

Ele transportava o passageiro Igor Melo de Carvalho, quando um PM da reserva achou que a dupla havia roubado o celular de sua mulher. Atirou duas vezes e acertou Igor. Outros policiais chegaram ao local e prenderam Thiago, que ficou 17 dias na cadeia. Só foi solto depois da audiência de custódia.

A Mangueira cantará:

“Fui risco iminente

O alvo que a bala insiste em achar

Lamento informar

Um sobrevivente”



Fonte ==> Folha SP

Relacionados