Aracaju
A Justiça de São Paulo aceitou uma queixa-crime feita pelo presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ednaldo Rodrigues, contra o comentarista João Paulo Cappellanes, da Band. Com isso, o jornalista virou réu por calúnia, injúria e difamação.
A coluna teve acesso aos documentos do caso, que correm na 1ª Vara Criminal do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo). A decisão foi tomada pela juíza Aparecida Angélica Correia. Agora, a ação judicial começa de fato.
Procurado pela coluna, Cappellanes confirmou que já foi notificado da ação e disse não estar surpreso com a decisão. “Se o Brasil fosse um país sério, pode ter certeza que eu teria recebido com grande surpresa. Mas não é o caso!”, disse.
A juíza deu 10 dias, a partir da última sexta-feira (4), para João Paulo Cappellanes se defender da acusação. Nos autos, Cappellanes diz apenas que exerceu o direito à crítica contra Ednaldo Rodrigues.
O caso ocorreu em 22 de fevereiro de 2024. Em uma edição do Jogo Aberto, apresentada por Renata Fan na Band, Cappellanes comentou o incidente com o ônibus do Fortaleza, atingido por pedras jogadas pela torcida do Sport, antes de um jogo da Copa do Nordeste. Seis pessoas ficaram feridas.
“Dá para esperar alguma coisa da CBF? Que tem um presidente frouxo? Que não tem comando? Que não sabe nada de futebol? Dá para esperar alguma coisa dessa entidade falida moralmente? Não dá, gente”, afirmou o jornalista.
Ednaldo, de acordo com o processo, interpretou a palavra “frouxo” como uma ofensa pessoal, que passou do aceitável.
Em setembro do ano passado, houve uma tentativa de conciliação, sem sucesso. Quando a queixa-crime foi feita por Ednaldo Rodrigues, João Paulo Cappellanes fez um vídeo indignado com a ação em suas redes sociais, e voltou a chamar Ednaldo de frouxo.
“Presidente Ednaldo, se o senhor ficou chateado, eu lamento. Eu não retiro nada do que eu disse. E o senhor sabe o motivo. Ou o senhor esqueceu que nos deu a sua palavra, do que prometeu para nós, e não cumpriu?”, afirmou.
Em conversa com a coluna na segunda (7), Cappellanes diz que não aceitou a tentativa de acordo: “Não me arrependo do que disse e em nenhum momento cogitei pedir desculpas, nem mesmo na audiência diante da juíza e dos advogados. E não é por prepotência ou arrogância, é apenas por exercer o direito do meu trabalho em um país democrático que vivemos”.
“Sinto que, por ser um dos jornalistas que mais criticam a CBF no Brasil, viram a oportunidade de me processar em cima dessa crítica que fiz, como uma forma de assustar. Um ‘cala boca’. Não vão conseguir. E jamais vou me calar para aquilo que entendo ser errado. E, sinceramente, tem muita coisa errada na CBF. A começar pelo próprio Ednaldo e da forma péssima que conduz o seu trabalho como dirigente”, concluiu Cappellanes.
Fonte ==> Folha SP