Enquanto o mundo celebra a educação, o Brasil vê os números recuarem. No Dia Mundial da Educação, comemorado em 28 de abril, o País ainda enfrenta desafios estruturais para garantir o acesso e a permanência dos estudantes nas salas de aula. De acordo com o Censo Escolar da Educação Básica de 2024, divulgado neste mês pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o número de matrículas caiu para 47,1 milhões, uma redução de aproximadamente 216 mil em relação ao ano anterior — retração de 0,4%. A queda se concentrou sobretudo na rede pública, que perdeu mais de 380 mil alunos.
Diante desse cenário, propostas que integrem o ensino médio com a formação técnica ganham protagonismo. A reformulação do currículo nacional, implementada em 2022, abriu espaço para itinerários formativos que articulam a formação geral com a educação profissional, aproximando os jovens do mundo do trabalho desde cedo.
Os alunos são incentivados a construir seus projetos de vida com base em autoconhecimento, pensamento crítico e responsabilidade social Foto: Amanda Alves/Sesi-SP
De acordo com estudo publicado pelo Insper, em parceria com o Itaú Educação e Trabalho e o Instituto Unibanco, essa combinação traz resultados concretos: estudantes que concluem o ensino técnico podem alcançar uma renda 32% superior à média nacional. Também apresentam maior probabilidade de concluir o ensino médio e de ingressar na educação superior.
Um dos exemplos mais consolidados dessa abordagem é o modelo adotado por Sesi-SP e Senai-SP. Desde 2007, as duas instituições atuam em conjunto para oferecer uma formação integrada. Com a reformulação recente do ensino médio, essa proposta se fortaleceu. “O Sesi-SP oferece o ensino médio. Após pesquisas sobre o projeto de vida dos alunos, a instituição optou por oferecer somente o itinerário de formação técnica e profissional, em convênio com o Senai-SP”, afirma Roberto Xavier, gerente executivo de Educação do Sesi-SP.
Na prática, a proposta permite que, a partir do segundo ano, os alunos iniciem cursos técnicos estruturados para atender às demandas da indústria em cada região. Isso amplia o leque de possibilidades após a conclusão do ensino básico — seja para ingressar no mercado de trabalho, empreender ou seguir para a universidade.
Mais do que capacitação técnica, a iniciativa busca desenvolver competências socioemocionais e fomentar o protagonismo juvenil. Os estudantes são incentivados a construir seus projetos de vida com base em autoconhecimento, pensamento crítico e responsabilidade social.
A formação técnica oferecida pelo Senai-SP no âmbito do novo ensino médio está fortemente alinhada às necessidades atuais e futuras da indústria, contribuindo para o aumento da competitividade do setor produtivo e para o desenvolvimento socioeconômico”
Cássia Cruz, gerente de Educação do Senai-SP
“Nosso compromisso é formar profissionais capazes não apenas de atender às exigências do mercado, mas de contribuir com a transformação e a construção de uma nova indústria”, completa.
Do aprendizado à prática
“Ao fazer o quinto Itinerário no Sesi e Senai, tive a certeza de que investir em um curso técnico foi uma das melhores escolhas da minha vida”, relata Eduardo Trevizani Sedlacek, 17 anos, que foi aluno da Escola Sesi de Lauzane Paulista e do Senai Biotecnologia. Ainda segundo o estudante, no Senai Biotecnologia ele pode escolher uma formação alinhada aos seus interesses e mergulhar em um aprendizado prático e conectado com o mercado de trabalho.
“Fiz curso técnico em Farmácia, no Senai, me formei em 2024, e, um mês após o término, já estava empregado na indústria — e isso só foi possível porque saí com um currículo mais completo, preparado para os desafios reais da profissão. A educação profissional me deu base, confiança e visão de futuro. Hoje, sigo sonhando alto e quero migrar para a área de microbiologia e fazer faculdade de Biotecnologia no Senai-SP. Tenho certeza de que o conhecimento técnico que adquiri abriu muitas portas e vai continuar abrindo”, finaliza Sedlacek.
Fonte ==> Estadão
