Há pelo menos quatro formas de chegar em Paranapiacaba. Pode-se ir de carro ou também no expresso ferroviário turístico oferecido aos sábados e domingos pela CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos}, a R$ 50 por pessoa.
Mas existe a alternativa de pegar o trem comum da linha Esmeralda, até a estação Rio Grande da Serra, e depois tomar um ônibus nessa localidade até o destino final. O custo total nesse caso é de R$ 10,85 por cabeça. Para os fortes, há ainda a opção de percorrer parte do caminho de bicicleta.
São formas diversas e todas seguras de alcançá-la. O importante é chegar lá. O lugar é encantador, uma vila inglesa do século 19, cheia de casas de madeira, todas marrons, e ruas de paralelepípedos.
À tarde costuma entrar uma neblina londrina vinda dos vales que cercam a localidade dando-lhe um ar misterioso. Suas casas serviam aos chefes e funcionários da São Paulo Railway Company, construtora da estrada ferro Santos-Jundiaí. Uma delas, chamada de Castelinho, hoje museu Castelo, era um centro de controle operacional da ferrovia.
De Paranapiacaba para baixo estavam concentrados os maiores problemas que os engenheiros ingleses tinham que superar na Santos-Jundiaí. A partir daquele ponto havia desafios tanto na construção da linha quanto na sua operação e todos estavam relacionados ao desnível de 850 metros do nível do mar que precisavam ser superados pelos trens. A questão era fazê-los, sob máximo controle, descer e subir a serra.
Para isso foi usado, inicialmente, um sistema funicular, semelhante a um elevador, que em vez de subir e descer verticalmente, funciona num plano inclinado. Essa tecnologia foi substituída nos anos 1970 por um sistema de cremalheira, único no Brasil, que ainda é usado. Quem administra a ferrovia atualmente é a operadora logística MRS.
O nome Paranapiacaba significa “lugar de onde se vê o mar”. A vila foi inaugurada em 1867, junto com o início das operações da ferrovia, mas, desde 1860, sua área era ocupada por acampamentos de trabalhadores. Recebeu o nome atual em 1907, mas até 1945 sua estação era chamada de Alto da Serra. Em 1981, um incêndio destruiu a antiga estação.
A vila, que tem 2.458 habitantes, segundo o Censo de 2022, pertence ao município de Santo André, que a adquiriu da Rede Ferroviária Federal S.A. em 2002. Desde aquela época a ideia do prefeito Celso Daniel, que negociou a compra, era transformar suas residências em pequenos estabelecimentos comerciais, como se vê atualmente.
Paranapiacaba é tombada pelo Condephaat e pelo Iphan. Trata-se de um patrimônio histórico nacional. Também já foi listada como uma dos 100 monumentos mais importantes do mundo pelo World Monuments Fund. Ali foi construído, em 1894, o primeiro campo oficial de futebol do país. O relógio da torre da vila é um dos mais antigos de São Paulo.
Hoje, Paranapiacaba recebe milhares de visitantes nos fins de semana, um público que só vem crescendo, e tem uma boa estrutura para o turismo. É palco de eventos anuais, como o Festival de Inverno, em julho, e o Festival das Bruxas, em maio. O local tem fama de mal-assombrado.
Conta também, com vários museus, como a Casa do Engenheiro, no Castelinho, e a Casa Fox, um conjunto de duas residências de madeira geminadas que mostra como os trabalhadores da ferrovia viviam no passado. Há também trilhas de baixa, média e alta dificuldade que levam os caminhantes a mirantes, cachoeiras e piscinas naturais. Conhecer a vila é um passeio que vale a pena.
Fonte ==> Folha SP