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Dupla de mães lidera vinícola premiada no RS – 09/05/2025 – Isabelle Moreira Lima

Duas mulheres sorrindo em um vinhedo. Elas estão próximas a uma fileira de videiras secas, com um fundo de árvores e um céu claro. A mulher à esquerda usa um blazer e uma blusa verde, enquanto a mulher à direita veste um suéter preto. Ambas parecem estar se divertindo e interagindo com as videiras.

Pense nas mães que você conhece. Aposto que estão ocupadíssimas —e exaustas. Mas conseguem manter o ritmo do cotidiano, cuidar de todos e ainda dão um jeito de inventar. Mãe é meio polvo, meio equilibrista chinês.

Andreia Gentilini e Juciane Casagrande Doro são assim. Elas se conhecem há quase 20 anos e comandam a Amitié, marca de vinhos brasileira que já ganhou mais de 90 prêmios internacionais. Têm 32 rótulos no mercado atualmente e produziram 500 mil garrafas em 2024.

Há sete anos, Gentilini, com formação em comércio exterior, ex-diretora do Wines of Brazil, fundadora da Associação Brasileira de Sommeliers do Rio Grande do Sul e dona de uma agência de enoturismo, ouviu da amiga que gostaria de ser sua sócia.

Doro encerrava uma longa carreira de executiva de uma vinícola familiar, que ajudou a levar ao exterior com uma estratégia agressiva que a fez rodar o mundo. Com formação de enóloga e um início de carreira marcado com estágios nas regiões mais disputadas do mundo, agora pensava em fazer seus vinhos.

A proposta seria então mais um pratinho a girar sobre a cabeça de Gentilini mas, ainda assim, irresistível. Gestaram o projeto por seis meses e, no lançamento, ela estava prestes a dar à luz o terceiro filho. Ficou a cargo de Doro, mãe de uma menina, viajar pelo país para divulgar a marca e apresentar os primeiros rótulos, que faziam (e seguem fazendo, majoritariamente) com uvas compradas de produtores selecionados em diferentes regiões do país e vinificadas em vinícolas parceiras próximas a eles.

Quase seis anos depois, viram seu Amitié Viognier Serra Gaúcha 2022 entre os cinco melhores brancos do mundo feitos com a variedade, em seleção da Decanter em 2023. Esse mesmo vinho recebeu medalha de ouro e 95 pontos no concurso da revista inglesa, que é feito às cegas e está entre os mais respeitados do mundo. Desde então, virou habitué nas premiações, sejam elas relevantes ou não. O varietal com passagem em barrica, vendido a R$ 125 na loja online da vinícola, é um vinho de preço médio para o padrão da Amitié, que tem garrafas de R$ 65 a R$ 339 em seu site.

Também é notável a genial cabeça marqueteira das duas sócias, que são ótimas de projeto. Realizam na vinícola o que aquelas mães Waldorf, ótimas em trabalhos manuais, fazem pelos filhos em seus trabalhos escolares ou nas festas de aniversário: lançaram varietais com garrafas diferentonas, um espumante que é fechado com um pingente e até um tinto que é um blend de bebidas feitas com uvas de diferentes partes do Brasil —o Amitié Colheitas Gran Corte, elaborado com cabernet franc e tannat do Rio Grande do Sul, tempranillo de Pernambuco, um shiraz de Minas Gerais e um corte de uvas de Santa Catarina.

É tanta invenção que poderia até se desconfiar da qualidade dos vinhos. Mas ao abrir garrafas como a do espumante Amitié Nature, por exemplo, entendemos que elas têm um olho no peixe (o marketing) e outro no gato (a qualidade da bebida) como só as mães naturalmente multitasking conseguem fazer.

Vai uma taça?

Prove o Amitié Viognier Oak Barrel (R$ 125 na loja da vinícola), que sucedeu o medalhista da Decanter. É elegante, tem bom corpo para acompanhar um peixe ao molho e uma ótima alternativa para fugir do Chardonnay ou do Sauvignon Blanc de sempre. As borbulhas dessa dupla empreendedora são também ótimas pedidas, com destaque para o Brut Rosé (R$ 65) simples, mas agradável, com notas de fruta vermelha ácida e borbulhas insistentes; e o Sur Lie (R$ 166), que é um desses espumantes bons para sair do comum, porque não é filtrado, logo, é turvo. O Nature é o mais elegante de todos (R$ 199).



Fonte ==> Folha SP

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