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Mercado de livros se reúne antes da Bienal para debater IA – 05/06/2025 – Walter Porto

sombras de pessoas contra imagens de lombadas de livros gigantes

As atenções do mercado editorial começam a se voltar ao Rio de Janeiro, não só pela realização na próxima semana da Bienal do Livro, tradicionalmente o maior evento do setor, mas porque a cidade carrega neste ano o título de Capital Mundial do Livro pela Unesco.

Profissionais do ramo vão aproveitar o gancho para discutir a relação, abordando alguns dos temas que mais afligem o mercado livreiro em um grande evento chamado Rio Publishers Summit, nos dias 11 e 12 de junho, precedendo a abertura da Bienal no hotel oficial do evento, o Lagune, na Barra da Tijuca.

Estão na mira, por exemplo, os efeitos da inteligência artificial sobre a indústria de livros —não nos aspectos mais filosóficos do conceito de autoria, mas nos bem práticos sobre as questões jurídicas e regulatórias envolvidas.

Também se rangerão dentes para discutir novas estratégias de promoção da leitura, um tema que preocupa dez entre dez editores desde que a pesquisa Retratos da Leitura apontou pela primeira vez que o Brasil é um país com maioria absoluta de não leitores.

O cenário é agravado pelas deficiências do governo federal na distribuição de livros a escolas públicas, provocando rombos nas contas das editoras e nos hábitos de leitura dos pequenos.

A curadoria do evento, sob o comando de Martha Ribas, Flávia Bravin e Luiz Alvaro Aguiar de Menezes, abre bom espaço ainda para discutir audiolivros, um flanco em ascensão segundo apontou a pesquisa mais abrangente do setor, divulgada na semana passada. Os livros digitais, ainda minoritários no mercado, tiveram um crescimento nas vendas que não foi detectado nas obras impressas.

A participação no simpósio carioca era aberta, mas seus 200 lugares já têm inscrições esgotadas. A programação pode ser vista no site do evento, promovido pelo Sindicato Nacional de Editores de Livros.

AS ONDAS A editora DBA vai trazer ao Brasil pela primeira vez a obra da britânica Ann Quin, que publicou quatro romances nos anos 1960 antes de morrer afogada, tragicamente, aos 37 anos. Agora sua figura tem sido resgatada com certo status cult, já que a autora fazia parte de um movimento, influenciado por Virginia Woolf e Anna Kavan, que buscava romper com o realismo na literatura.

AS ONDAS 2 A estreia de Quin no país já demonstra seu estilo —”Berg”, previsto para sair já em julho, acompanha um jovem que se instala numa pensão na costa da Inglaterra com um plano de matar seu pai. A história, contudo, desemboca numa espiral de delírios. A DBA, de porte pequeno, aposta grande na autora e já comprou dois outros livros para lançar até 2026: o romance “Three” e a coletânea “The Unmapped Country”.

REPENSANDO O selo Paidós, do grupo Planeta, vai trazer de volta livros importantes de psicanálise que estavam esgotados há tempos. “De Menina a Mulher”, estudo sobre feminilidade da brasileira Malvine Zalcberg com base em filmes, retorna ao mercado em setembro em edição ampliada com apresentação da psicanalista Ana Suy. “Terapia Centrada no Paciente”, clássico do psicólogo americano Carl Rogers, ganhará nova tradução em 2026. E também no próximo ano haverá uma nova versão em português de “O Amor dos Começos”, do francês Jean-Bertrand Pontalis, sumido das prateleiras desde os anos 1990.

SÁBADOS ALÉM-MAR A obra da paulista Mariana Salomão Carrara tem ampliado bastante seu alcance fora do Brasil. A autora de “Não Fossem as Sílabas do Sábado” e “A Árvore Mais Sozinha do Mundo”, da Todavia, terá seus livros publicados em Portugal, Espanha e México, por onde ela fará uma turnê ao longo deste mês, e já teve traduções arrematadas nos Estados Unidos, na França e na Itália.



Fonte ==> Folha SP

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