Querida amiga na peri ou menopa,
Você já se pegou incomodada com um barulho que antes passava despercebido? Ou sentiu uma irritação súbita diante de certos aromas, tecidos roçando na pele ou luzes muito intensas? Se isso começou a acontecer com mais frequência, podicrê que não será coincidência: muitas mulheres na perimenopausa e menopausa relatam um aumento da sensibilidade aos estímulos sensoriais. Vamos entender esse bicho-bomba pra desarmá-lo-o-o!
A hipersensibilidade sensorial se refere a uma resposta exacerbada do nosso sistema nervoso a estímulos em geral, como som, luz, cheiros, toque ou gosto. No climão, pode acontecer por causa das benedetas flutuações hormonais, especialmente a queda do estrogênio.
Pois esse rapaiz, que a essa altura já sabemos que está longe de servir só pra funções reprodutivas, atua diretamente no cérebro, ajudando a modular neurotransmissores como serotonina, glutamato e dopamina, que por sua vez são corresponsáveis pelo equilíbrio do nosso limiar sensorial e emocional.
Com menos estrogênio circulando, o cérebro pode se tornar mais alerta e reativo a estímulos que antes seriam facilmente ignorados. Entra em cena o cachorro do vizinho, a conversa estridente no busão, as buzinas no trânsito, sdfasdfa….
Hipersensibilidade sensorial e emocional: tudo a ver
E não é só isso (((eu ouvi um suspiro aí, miga, guenta firme!!!))).
Essa rede que processa estímulos sensoriais está intimamente relacionada a centros neurais de regulação emocional do sistema límbico como a amígdala.
Isso significa que, quando ficamos mais sensíveis a um som ou a um cheiro, por exemplo, isso por sua vez pode desencadear reações emocionais mais intensas, como irritabilidade, ansiedade ou angústia. E, ó-céus, vice-versa: quando estamos emocionalmente saturadas, nossa tolerância a estímulos sensoriais diminui! Excesso de estímulos = irritação da poha = mais sensibilidade sensorial = estresse furiboondo = #çocorrocolapsey#!
Na vida real, isso pode se manifestar de formas mil, escolha a sua: dificuldade pra dormir porque qualquer ruído incomoda (ronco, gente, o ronco!!!); ansiedade crescente em ambientes muito iluminados ou barulhentos; incômodo com perfumes ou produtos de limpeza; maior sensibilidade a odores corporais ou certos sabores; necessidade crescente de silêncio e espaço próprio. Tudo isso, obviuuus, com impactos diretos sobre o nosso bem-estar e qualidade de vida.
Limites e desejos: como usar a sensibilidade a seu favor
Mas nem tudo está fora de controle.
Saber que isso rola é o princípio da redenção; não resolve, mas já ajuda a nos sentir menos loucas/dramáticas/exageradas (é fisiologia, caro Watsonnnn!), e isso é FUNDAMENTAL.
Também pode nos estimular a buscar uma atitude mais resolutiva e a nos proteger e buscar ferramentas para dosar esses inputs que, afinal, não tem como evitar 100%, a não ser que tu seja dona de uma ilha e vá viver com um gatinhofofinhoquesófazmiaumiau. Aqui vão algumas dicas pra pilotar essa sensibilidade com mais consciência e autonomia:
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Acolha sua percepção: como eu falei: reconhecer que você está mais sensível é o primeiro passo. Sensibilidade sensorial e emocional não é fraqueza nem exagero, é em primeiro lugar uma resposta real e fisiológica do seu corpo. Ao mesmo tempo em que aceita o que sente, porém, entenda que você não é esse sentimento/pensamento, e que com jeitinho dá pra ir melhorando. Essa postura será fundamental para ir “desarmando” a sensação contínua de alarme que os estímulos incômodos podem alimentar.
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Cuide do seu ambiente sensorial pra fazer um “reset”: sempre que possível, busque pelo menos em alguns momentos da sua rotina descansar os sentidos em cantinhos com menos estímulos intensos e mais estímulos que te deem prazer: busque luz suave, silêncio ou música relaxante e aromas neutros ou calmantes etc (por exemplo, se curtir uma lavanda, camomila, capim-limão…). Isso ajuda a reduzir a sobrecarga, mas, muito importante, também pode nos ajudar a ser mais tolerantes quando finalmente tivermos que nos expor a estímulos mais intensos.
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Se necessário, lance mão de tampões ou fones com cancelamento de ruído: eles são aliados potentes em locais barulhentos. A exposição crônica a ruídos pode agravar o estresse e a sensibilidade emocional em certas pessoas, incluídas algumas de nós, mulheres no climatério.
Ao mesmo tempo, é importante não se isolar completamente do entorno, e sim dosar, na medida do possível, a exposição e intensidade dos estímulos. A busca pelo isolamento completo pode paradoxalmente perpetuar no nosso sistema nervoso a percepção de que Aquele Ruído Chato é realmente uma ameaça e deve ser evitado a qualquer custo, o que pode nos levar a piorar nossa paúra em relação a ele, e não modular.
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Mantenha uma rotina anti-inflamatória: alimente-se bem, maneirando nos estimulantes como o café e o açúcar; hidrate-se bem (excelente pra espantar a névoa mental, o que por sua vez pode super ajudar a nos sentir menos saturadas); movimente o corpo, proteja o seu sono, exponha-se à luz solar do amanhecer e entardecer para regular seu ritmo circadiano. E finalmente, tenha realmente uma rotina, minimizando imprevisibilidades, pra que seu corpo entenda que a casa não está caindo todo dia. Isso tem efeito direto em tu-do.
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Junte suas armas: meditação, respiração consciente, alongamento, pequenas pausas durante o dia, dançar, artes manuais, dizer não, dizer sim etc – escolha suas ferramentas de regulação emocional e sensorial e pratique-as. Elas ajudam a acalmar nosso sistema, mas também pouco a pouco podem ser um bootcamp pra refinar percepção e intuição e entender cada vez mais nossos limites e necessidades.
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Por último, nem tudo é ruim: veja a sensibilidade também como um recurso: ela também pode te tornar mais atenta, empática e intuitiva. Pode te levar a entender melhor teus limites e necessidades, a eliminar o que não serve, o que faz mal, e buscar, finalmente, o que você quer e te faz bem. Acolha essa hipersensibilidade também como um sinal de que seu corpo está pedindo mais escuta e cuidado — e priorize-se.
A hipersensibilidade sensorial, que uma amiga chama de “tolerância zero da menopausa”, pode ser também um convite pra gente se reconectar com o que faz sentido para nós. Quanto mais nos informamos e nos conhecemos, mais leve essa transição do climão pode ser. Mais acolhimento, menos culpa. Bora juntasssss que atrás vem vida ❤
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Fonte ==> Folha SP