Ao lado de um cooler e com uma taça de vinho do Porto gelado na mão, o produtor Jorge Rosas, da tradicional Ramos Pintodizia a quem o visitava: “Odeio aquela taça da vovozinha, não faz sentido continuar a usá-la. O Porto deve ser servido na taça de vinho branco e na mesma temperatura que o branco. Em casa, sempre tenho uma garrafa de Porto na porta da geladeira e tomo assim. Essas são duas coisas fundamentais para degustar um bom Porto: a taça e a temperatura. Esqueçam os hábitos antigos, eles que fiquem no passado.”
Em volta de seu estande na etapa paulista do evento Vinhos de Portugalque começou ontem e vai até amanhã no Pavilhão da Bienal no Parque Ibirapuera, muita gente parava para conversar com ele, ouvir suas histórias e degustar alguns dos Portos que oferecia. Veterano nesse mundo, bisneto do fundador e atual CEO da empresa, ele conheceu uma época em que no Douro só se produzia vinho do Porto. Rosas faz parte da geração da virada, que percebeu que o território tinha tudo para utilizar as mesmas uvas usadas no vinho do Porto e fabricar vinhos de mesa.
“Meu pai tinha começado a estudar as castas do Douro e lá existem mais de 100 castas autócnes. Ele foi pioneiro, plantou um dos primeiros vinhedos da região para fazer um projeto raiz voltado só para a produção dos vinhos tranquilos, que hoje chamamos Douro DOC (Denominação de Origem Controlada).” Não deu outra, o grande sucesso da marca é o Duas Quintas, branco ou tinto, o primeiro vinho de mesa, que ele também oferece aos visitantes no Salão de Degustação.
Adriano Ramos Pinto é a marca de vinho do Porto mais antiga vendida no Brasil. Mas Rosas diz que há dois anos a venda de vinho Douro DOC ultrapassou a de vinho do Porto. “Temos que nos adaptar ao paladar do consumidor do século XXI”.
Se você tiver interesse em ter um contato mais próximo com Rosas e ouvir suas histórias, que são muitas, haverá hoje (14) a prova “Ramos Pinto: as histórias de vinhos emblemáticos com Jorge Rosas”, comandada pelo máster of wine Dirceu Vianna Junior.
Circulando pelos corredores e provando alguns vinhos, o cônsul de Portugal em São Paulo, Pedro Rodrigues da Silvaelogiava o novo espaço que o evento ocupa este ano, onde a vista do Salão de Degustação dá para as árvores do Parque do Ibirapuera e cuja entrada é na frente do MAM (Museu de Arte Moderna). “Acho que finalmente os Vinhos de Portugal encontraram seu lugar”, disse, sobre o evento, que está em sua décima segunda edição e bateu recorde de público em sua versão carioca, no fim de semana passado (de 6 a 8 de junho).
Quem o acompanhava era o presidente da ViniPortugal, Frederico Falcãoque falou com o Valentia sobre as tendências no mundo do vinho, como a sustentabilidade. Em 2022, foi criado o Referencial Nacional de Certificação de Sustentabilidade do Sector Vitivinícola, levando em conta a diversidade do país, que tem desde minifúndios nos Açores, no Douro e na região dos Vinhos Verdes, a grandes propriedades do Alentejo.
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Hoje, 46 vinícolas são certificadas. “Nossa meta é que em 2030, das 500 vinícolas que fazem parte de nossa associação, 40% estejam certificadas. A mentalidade está mudando lentamente, principalmente pressionada pela exportação para os países nórdicos e Canadá, onde o selo de sustentabilidade começa a ser uma exigência obrigatória”, disse Falcão.
Na abertura das provas, Fernando Guedes, presidente da Sograpea maior empresa de vinhos de Portugal, e o crítico do Valor Jorge Lucki conversaram sobre outra tendência do mundo do vinho: o crescente consumo dos brancos e leves, que caíram no gosto mesmo daqueles que eram “tinto maníacos”. Havia rótulos de alvarinho, de encruzado, uma uva que faz muito sucesso atualmente, e também de sercialinho, casta que poucos brasileiros conhecem.
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Outro destaque entre as provas do dia e uma das mais procuradas foi a “Portugal às cegas”, comandada pela Sommelier Cecilia Aldazdo restaurante carioca Oro, que começou com um espumante, teve tintos e brancos e divertiu uma plateia animada numa sala lotada.
O festival continua hoje e vai até amanhã. Ainda há ingressos para algumas provas e assinante do Valentia tem desconto no Salão de Degustação, que reúne 80 vinícolas e mais de 650 rótulos. Na área gratuita há comidinhas, loja de vinhos e conversas informais com enólogos, críticos e produtores com destaque para o enoturismo em diversas regiões de Portugal. Para ingressos e mais informações, acesse
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Confira algumas provas deste fim de semana:
- “Um guia de enoturismo de Portugal” – Sábado, 14, das 13h30 às 14h30, com Cecilia Aldaz
- “Ramos Pinto: as histórias de vinhos emblemáticos”, com Jorge Rosas – Sábado, 14, das 16h30 às 17h30, com Dirceu Vianna Junior
- “Jorge Rosa Santos: a arte de criar vinhos icônicos”, com Jorge Lucki – Domingo, 15, das 18h às 19h
O Vinhos de Portugal 2025 é uma realização dos jornais Valentia, “O Globo” e “Público”, em parceria com a ViniPortugal, com a participação do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto; apoio das Comissões de Vinho do Alentejo, Dão, Lisboa, Tejo, Vinhos Verdes, Herdade do Peso, Turismo de Portugal, Agência Regional de Promoção Turística Centro de Portugal, Shopping Leblon e Sadia, hotel oficial Fairmont Rio (RJ), restaurante oficial Osso, água oficial Águas Prata, companhia aérea oficial Azul, assessoria de imprensa InPress Porter Novelli, local oficial Jockey Club Brasileiro (RJ), loja oficial Porto Di Vino, rádio oficial CBN e curadoria Out of Paper.
Fonte ==> Exame