Fãs do BTS ficaram animadas com a abertura, pela primeira vez no Brasil, de uma loja com produtos oficiais do grupo de k-pop, mas os preços têm decepcionado os visitantes, e muitos saem de mãos vazias. A pop-up, que funciona até 10 de agosto no shopping Cidade São Paulo, vende itens que chegam a R$ 1.699.
O catálogo inclui jaquetas e moletons (de R$ 699 a R$ 1.499), camisetas (R$ 299 a R$ 499), bolsas (R$ 499 a R$ 1.699), roupão (R$ 999), touca (R$ 399), conjunto de quatro pratinhos (R$ 750), caneca (R$ 279), anel (R$ 549), dupla de xícaras (R$ 599), tapete (R$ 599) e broches (R$ 299).
A assistente administrativa Luciana Monteiro, 24, foi à loja para comprar uma jaqueta do J-Hope, mas quando viu a etiqueta de R$ 899, desistiu. “Vim focada nele, mas não vou comprar”. Ela, fã da boyband desde 2016, optou por levar como lembrança um chaveiro personalizado, pelo qual pagou R$ 50.
“Os preços estão bem salgados, mas são originais, a gente entende”, diz. Ela foi à pop-up com a amiga que a apresentou ao BTS, a auxiliar de laboratório Stela Ibanez, 24, que saiu sem comprar nada. “Só de visitar já estou feliz.”
Um chaveiro personalizado na hora, com pingentes que custam a partir de R$ 10, virou um dos objetos mais procurados, como alternativa para quem não quer desembolsar tanto. A ação, no entanto, é temporária: quando o estoque acabar, não será reposto, informam funcionários.
Alguns fãs se desanimaram de visitar a pop-up após ver os valores. “Pensei que os preços estariam mais acessíveis. Acho meio injusto os produtos estarem esse preço, entendo que é por causa dos preços internacionais, mas existem muitos fãs que não possuem condições para pagar R$ 649 num colar”, diz a estudante Beatriz Reis, 18.
Ela, que acompanha o BTS desde 2015, vê como alternativa comprar produtos feitos por outros fãs. “Não vale a pena ficar 8 horas na fila para pagar um absurdo num item que você pode encomendar com uma artesã.” Reis diz que iria à loja para conhecer o espaço, que conta com fotos do grupo e TVs com clipes.
Apesar disso, vários produtos esgotaram ainda no primeiro dia. Acabou rápido o mais caro, uma bolsa caramelo com lenço, desenvolvido por V, um dos integrantes, por R$ 1.699. Outro objeto disputado é a “army bomb”, lightstick que é uma espécie de bastão de luz que muda de cor nos shows de acordo com a música. Custa R$ 599 e há limite de uma unidade por cliente, por causa da demanda.
Fã do BTS há dez anos, a estudante Mariana Galichio, 18, teve que encomendar a “army bomb” para completar sua coleção. “Não é ruim chegar na nossa casa, contanto que a gente consiga comprar. O problema são os preços exorbitantes. Tem muita gente falando muito mal deles”, afirma. “Mas a gente não pode botar a culpa na pop-up, os impostos aumentam muito”, observa.
O BTS tem uma loja online com merchandise entregue em diferentes países, incluindo o Brasil. A mesma “army bomb”, que está esgotada, custa US$ 30,69 —R$ 168,40 na cotação atual. O frete sai mais caro: US$ 36,37, ou R$ 199. O produto sairia por R$ 367,40. Já a bolsa que custa R$ 1.699 na pop-up brasileira sai por R$ 911,52, também indisponível.
Por outro lado, fãs celebram a chance de poder comprar no próprio país produtos oficiais, encontrados apenas em sites internacionais, estabelecimentos que os importam ou em shows dos artistas.
Por causa da alta procura, a Hybe, empresa que gerencia a boyband, passou a oferecer a opção de encomendar itens esgotados e recebê-los em casa, com frete e prazo que chega a dois meses. Ainda assim, é necessário ir até o local para fazer a compra.
A inauguração, no dia 13, atraiu milhares de fãs de diferentes cidades —alguns chegaram a madrugar no frio e até pedir demissão– superando a previsão da Hybe de mil visitantes por dia. O shopping Cidade São Paulo afirma que não comenta preços, pois a loja é gerenciada pela empresa sul-coreana. Procurada por email, a Hybe não respondeu até a publicação desta matéria.
COMO FUNCIONA
Quem chega ao shopping é direcionado ao quarto andar, para se cadastrar numa fila virtual. O visitante é avisado por SMS quando chega a vez, e vai até a loja, no segundo piso. Lá, é necessário aguardar numa fila enquanto a leva de clientes anterior sai do local.
Há um tempo de permanência de 30 minutos, que varia de acordo com o movimento. Ao entrar, fãs têm acesso a um código QR com o catálogo, que lista 162 itens. No site, o cliente coloca o produto no carrinho, preenche os dados pessoais e se direciona ao caixa para fazer o pagamento e retirar o pedido.
Fonte ==> Folha SP