Pesquisa realizada pela Maturi, empresa com foco em empregabilidade e capacitação de profissionais com mais de 50 anos, indicou que 71% das pessoas no país não possuem previdência privada. Em outro levantamento, a conclusão foi de que mais de 80% dos moradores de Porto Alegre acreditam que os recursos da aposentadoria virão da previdência pública. Ao avaliarem os resultados, especialistas apontam que a preferência por renda fixa ou poupança, a permanente confiança no sistema de seguridade social e a falta de conhecimento quanto ao planejamento financeiro podem explicar a baixa adesão a alternativas privadas de investimentos.
Para a professora da Escola de Negócios da Pucrs, Fernanda Golbspan Lutz, nos últimos anos, essa curva vem se modificando. “As pessoas estão cada vez mais preocupadas em fazer alguma previdência complementar porque percebem que o valor dos benefícios é insuficiente. O INSS paga uma média da aposentadoria, mas, na maioria dos casos, não é suficiente para cobrir as necessidades de um aposentado, principalmente com o aumento de custos com imprevistos, problemas de saúde”, observa.
O envelhecimento populacional e a diminuição na taxa de natalidade são fatores que deverão contribuir para a procura de previdência complementar. O desequilíbrio fiscal faz com que o sistema se torne pouco sustentável. A docente cita pesquisas do IBGE que mostram que, a partir do ano de 2060, cerca de 1/4 da população deve ter mais de 65 anos no Brasil. “Somado a isso, temos cada vez menos indivíduos contribuindo para o INSS. A estimativa é de que, para cada 100 integrantes da população economicamente ativa, teremos 63 precisando utilizar a previdência social. Daí a importância de os jovens saberem que, a partir de 55 anos, eles terão uma queda, e irão precisar de algum valor para auxiliar, inclusive, os pais”, destaca.
A previdência privada oferece duas modalidades. O PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) permite deduzir as contribuições da base de cálculo do IR (até 12% da renda bruta anual), mas o IR no resgate incide sobre o valor total acumulado. O VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) não oferece dedução no IR, mas a tributação no momento do resgate se dá sobre os rendimentos. “Não existe uma receita (de melhor plano). Depende muito se a pessoa faz uma declaração completa ou não, a renda, se tem filhos dependentes, se é profissional liberal. É preciso fazer cálculos sobre valor da contribuição e projeção”, explica.
O economista e assessor de investimentos Israel Alves teve a curiosidade de montar um panorama de como o porto-alegrense se comporta na área. Como tema de trabalho de conclusão de curso na Administração da Ufrgs, Alves pesquisou sobre o que a população pensa da previdência pública e privada, chegando ao índice de 80% entre aqueles que não possuem esta última. Entre as conclusões está a de que a maior parte da população ainda confia no sistema público, não tendo informação de que a previdência social deve colapsar em alguns anos. “A maioria diz que não pretende investir. As pessoas se importam mais em poupar para outros fins que não a aposentadoria, mesmo sabendo que no Brasil cada vez vive-se mais. Temos cada vez menos mão de obra que seja o suficiente para manter o sistema”, observou.
Alves lembrou ainda que o percentual de idosos no país é de 13% e, ainda maior no Rio Grande do Sul, com 20% de maiores de 60 anos. “A maioria dessas pessoas não entende que a questão da previdência privada é urgente, latente e importante. Ainda que saibam da necessidade de poupar, elas não fazem”, salienta, ao citar a falta de conhecimento técnico sobre as modalidades.
O que avaliar em previdência privada:
Solidez da instituição financeira – Verificar há quanto tempo ela existe e se teve algum problema
Taxas – Planos devem ter taxa de administração baixa, que é o que faz diminuir o rendimento
Tipo de fundo – Se é muito arriscado ou mais seguro, como os de renda fixa
Tipos de renda possíveis – Existem várias modalidades: renda por prazo certo, renda extensível aos CEOs ou herdeiros.
Modalidades:
PGBL – Tem abatimento no Imposto de Renda de até 12% da renda bruta anual
VGBL – Cada vez menos tributação. Começa em 35% e depois de dez anos passa para 10% por rentabilidades.
Fonte ==> Folha SP