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A difícil batalha contra os privilégios

A difícil batalha contra os privilégios

Felipe Camozzato

Com incrível frequência, o cidadão gaúcho é surpreendido por um novo privilégio da alta casta do funcionalismo público, especialmente do sistema de justiça. Nos últimos anos, já tivemos que pagar milhões e milhões de reais em retroativos. Quando menos se espera, surgem diferenças de algo que deveria ter sido implantado lá atrás, mas dizem que não foi. Surge um auxílio-creche retroativo, ou um auxílio-saúde em que até os medicamentos são ressarcidos. Novos benefícios são criados, como a folga de um dia para cada três trabalhados. Como ninguém precisa folgar, especialmente quem recebe 60 dias de férias, tudo isso vira indenização. E fora do teto de gastos.

É um mundo mágico. O trabalhador da iniciativa privada não tem nada disso. O funcionário público comum, que trabalha duro, tem de fazer muito esforço para ganhar, de vez em quando, três, quatro ou cinco por cento de reajuste. A casta dos privilegiados, não. São intocáveis. Engana- se o leitor que, talvez iludido, pense que essas coisas são aprovadas pelos seus representantes, pelos parlamentares. Normalmente, a coisa nasce em Brasília, no Conselho Nacional de Justiça, no Conselho Nacional do Ministério Público (CNJ). Às vezes, a coisa nasce até em outro estado. Alguém descobre que lá em Sergipe os juízes ganham uma gratificação qualquer; logo, multiplicam-se os pedidos. Pedem ao CNJ. E ele, como uma mãe benevolente, dá. Todos têm de ganhar o mesmo. É pela igualdade. Só tem um problema: não é a igualdade perante a lei. Essa não vale nada. Tudo isso, quase tudo isso, é pago sem que dê um voto.

Não ficamos calados, claro. Na Assembleia, tentamos derrubar, fazer pressão, agir. Mas quem julga o que a Assembleia aprova? Não são os próprios beneficiados. Essa é uma batalha inglória, difícil, mas absolutamente necessária. Estamos a ponto de instituir a Frente Parlamentar de Combate aos Privilégios. Faltam poucas assinaturas. São 55 deputados e precisamos apenas de 19. A Frente será um local de estratégia e articulação para bater de frente com esse sistema de intocáveis. A política tem muitos defeitos, mas os que nela estão têm de responder perante o povo. E nós, os políticos, temos que nos comportar como instrumento e voz do povo.

E uma coisa sabemos do povo: ele não aguenta mais pagar essa conta!

Deputado estadual (NOVO)



Fonte ==> Folha SP

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