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Emprego e salário, melhor em décadas – 16/09/2025 – Vinicius Torres Freire

A imagem mostra uma rua comercial movimentada, cheia de pessoas caminhando. Há lojas com fachadas visíveis, algumas com letreiros e produtos expostos. O ambiente é urbano, com uma grande quantidade de pedestres, incluindo pessoas de diferentes idades e estilos. A cena transmite uma sensação de atividade e comércio.

Uma taxa de desemprego muito baixa pode acabar por aumentar custos de empresas e preços (“tudo mais constante”). Daí, pode contribuir para o aumento persistente de preços, para a inflação. Qual seria a taxa que não faz a inflação acelerar é um debate interminável e depende de contextos.

No Brasil de 2023, muita gente acreditava que essa taxa seria de algo perto de 8% —há quem acredite nisso até agora.

A taxa de desemprego em julho foi de 5,6%, muito menor. O rendimento médio do trabalho (“salário”) está crescendo a 3,8% ao ano, em termos reais —além da inflação. A proporção da população em idade de trabalhar que está ocupada é a maior desde que há dados oficiais comparáveis (2012). A situação deve ser a melhor desde sempre.

Mas a taxa de inflação cai, embora lentamente. É verdade que o IPCA é empurrado para baixo pela valorização do real, pois o dólar cai no mundo inteiro, agora em ritmo um tanto maior aqui no Brasil por causa da taxa de juros muito alta, para não mencionar outras mãozinhas da economia mundial.

A variação de preços mais associada ao ritmo de atividade econômica (emprego, PIB) continua teimosa, bem acima de 6% no caso de serviços, é verdade também.

Porém, se a taxa de desemprego que não dá gás à inflação estivesse por volta de 8%, o IPCA estaria andando mais rápido ou cada vez mais rápido, mais descabelado. Não está. Pode bem ser que a economia possa caminhar normalmente com uma taxa de desemprego bem menor.

Não é de hoje que não se entende muito bem como se encaixam certas engrenagens da economia brasileira, pelo menos quanto ao curto prazo. Basta lembrar os erros enormes e seguidos de previsão de variação do PIB desde 2022, erros ainda mal diagnosticados.

Há outras estatísticas que podem ter interesse, como o crescimento resistente do setor de serviços e o bom desempenho de subsetores como TI e telecom.

Medidas de produtividade da economia indicam o desastre antigo e já sabido —mas são precisas? Haveria alguma novidade setorial que não enxergamos? Atualizações tecnológicas, diretas e indiretas? Melhoras de “ambiente de negócios” ainda em forma de ectoplasma, de medida difícil?

Houve melhora recente e significativa dos salários, é verdade, mas é preciso considerar os dados com mais perspectiva. Repita-se que a média do rendimento do trabalho cresceu 3,8% em relação a julho de 2024; cresceu 8,74% nos últimos 24 meses.

Mas, em relação a julho de 2019, faz seis anos, antes da epidemia, o crescimento foi de 9,7%. Não é lá extraordinário. Nesse tempo, seis anos, a renda (PIB) per capita cresceu pouco mais de 9%; o PIB, uns 14%.

A inflação é caso sério e está dura de matar. O desarranjo fiscal, déficits e dívida do governo, piorou muito o problema. Desemprego muito baixo tende a não ajudar. Ainda assim, a inflação não está descabelada.

Tudo isto posto, trata-se aqui de curto prazo e de escassez de dados e ideias para pensar a economia por agora.

O crescimento possível é maior do que se imaginava faz meros dois anos, mas o PIB ainda cresce pouco.

Não dá para esperar décadas por mudanças como a reforma tributária, tolerar distorções imensas causadas por subsídios de crédito e outros, a falta de investimento em infraestrutura causada pelo sufoco fiscal, a baderna do setor elétrico, a educação ruim e ainda pior para crianças pobres, o sistema de ciência largado. Etc.

Mas há mais caroço nesse angu.



Fonte ==> Folha SP

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