O administrador da Nasa, Sean Duffy, disse nesta segunda-feira (20) que a agência espacial vai procurar alternativas à SpaceX para levar humanos à Lua.
Em 2021, a empresa de Elon Musk fechou um contrato com a Nasa, de US$ 4,4 bilhões (R$ 23,7 bilhões), para usar o veículo Starship para levar humanos até a superfície lunar. Essa missão, chamada de Artemis 3, está prevista para maio de 2027.
“Estou em processo de abrir essa licitação. Acho que veremos empresas como a Blue [Origin] se envolvendo, e talvez outras”, afirmou Duffy, que também atua como Secretário de Transportes dos Estados Unidos, ao programa Fox & Friends, da Fox News.
“Vamos ter uma corrida espacial em relação a empresas americanas competindo para ver quem pode realmente nos levar de volta à Lua primeiro.”
A Blue Origin foi fundada pelo bilionário Jeff Bezos, também criador da Amazon.
Em 2023, a empresa firmou um contrato de cerca de US$ 3 bilhões (R$ 16 bilhões) com a Nasa para desenvolver um sistema de alunissagem para transportar astronautas até a superfície lunar. O módulo, batizado de Blue Moon, vendo sendo desenvolvido na Flórida sem chamar muita atenção. A ideia é que seja utilizado na missão Artemis 5.
As declarações de Duffy sugerem que a Blue Origin poderá em breve competir para assumir o papel da SpaceX na Artemis 3.
Bezos e o CEO da Blue Origin, Dave Limp, teriam conversado com Trump em meio ao conflito dele com Musk, que apoiou o republicano nas eleições e depois liderou as iniciativas do governo federal para cortar gastos.
Segundo o administrador da Nasa, a SpaceX não está cumprindo o cronograma e isso pode deixar os EUA atrás da China. O país asiático trabalha com a meta de fazer um pouso tripulado na Lua em 2030.
“Eles fazem coisas notáveis, mas estão atrasados”, afirmou Duffy a respeito do trabalho da SpaceX, acrescentando que Donald Trump quer ver o lançamento da Artemis 3 antes do fim de seu mandato na Casa Branca, em janeiro de 2029.
Musk respondeu às críticas na rede social X.
“A SpaceX está avançando como um relâmpago em comparação com o resto da indústria espacial”, escreveu o CEO da empresa, em resposta a um usuário nesta segunda-feira. “Além disso, o Starship acabará realizando toda a missão lunar. Marquem minhas palavras.”
Nos últimos meses, o desenvolvimento do Starship gerou preocupação entre os funcionários da agência espacial americana. Neste mês, o veículo foi lançado pela 11º vez, repetindo o bom resultado do teste anterior, em agosto. Porém, antes desses dois voos, houve uma série de falhas, entre as quais explosões que espalharam destroços pelo ar.
“Eles estão atrasados, então o presidente quer garantir que venceremos os chineses”, disse Duffy à Fox.
Em declaração à Reuters, Bob Behnken, vice-presidente de Estratégia de Exploração e Tecnologia da unidade espacial da Lockheed Martin, afirmou que a empresa tem realizado neste ano “análises técnicas e programáticas significativas para módulos de pouso lunares tripulados”.
“Temos trabalhado com uma equipe intersetorial de empresas e, juntos, estamos ansiosos para atender à solicitação do secretário Duffy de cumprir os objetivos lunares do nosso país”, disse Behnken, um ex-astronauta da Nasa.
Em sua entrevista, Duffy afirmou ainda que a Artemis 2 pode ser antecipada de abril de 2026 para fevereiro. Essa missão pretende levar humanos ao redor do satélite natural da Terra.
Procurada, a Nasa não deu detalhes sobre as declarações de Duffy.
O programa Artemis é uma série de missões envolvendo múltiplos contratantes com o objetivo de voltar à Lua para uma presença de longo prazo.
Por enquanto, só uma missão do programa foi concluída: a Artemis 1. Em dezembro de 2022, uma cápsula Orion sobrevoou a Lua, mas carregando apenas três manequins recheados de sensores.
Fonte ==> Folha SP – TEC