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Hohlfeldt diz que não basta investir só em prédios, mas em pessoas

Hohlfeldt diz que não basta investir só em prédios, mas em pessoas

A demissão do de Antonio Hohlfeldt do Theatro São Pedro foi anunciada nesta terça-feira (25) pelo governo do Estado. Após sete anos à frente da instituição, o professor deixa o cargo de presidente. A decisão foi tomada duas semanas após ele anunciar que seriam suspensas as atividades do Multipalco em 2026 devido à falta de funcionários. Em nota, a Secretaria de Cultura do Rio Grande do Sul garantiu a continuidade das atividades para o próximo ano e ressaltou os investimentos feitos durante os últimos anos. Hohlfeldt conversou com a reportagem e fez um balanço de sua gestão. 
Jornal do Comércio – O que o senhor tem a dizer sobre sua demissão? Qual acredita ter sido o motivo dessa decisão?
Antonio Hohlfeldt Primeiramente, a iniciativa foi do governador Eduardo Leite. Eu não pedi demissão, então ele deve ter os seus motivos. Mas o que o governo não pode dizer é que não sabia deste problema (falta de funcionários). Faz mais de dois anos que esse processo tramita. Nos últimos dois meses, a Secretaria de Planejamento nos retornou com uma proposta e eu devolvi para eles, dizendo que era uma humilhação. Estavam nos propondo um projeto que, se aceito, alguns funcionários nossos ganhariam menos do que ganham agora. Eu devolvi a proposta questionando e pedindo para ter uma reunião para entender a proposta. De repente, eles podiam ter uma justificativa. Não recebi nunca qualquer resposta. Me foi dito que seria marcado, passou um mês e nada. E esse foi o estopim.
JC – Falando sobre o Theatro São Pedro, desde quando a instituição passa por problemas?
Hohlfeldt- O teatro não tem problema nenhum neste momento. As pessoas fazem de tudo para as coisas funcionarem, levando serviço para casa, um funcionário substituindo o outro, mas isso não pode durar para sempre. Se o governo do Estado decidiu investir na ampliação de espaços públicos, o governo deve saber que precisa dotar esses espaços de gente para trabalhar. Vou te dar um exemplo, eu tinha um teatro e um diretor. Agora, eu tenho três teatros, o Simões Lopes, Olga Reverbel e o São Pedro, e preciso de três diretores. É impossível termos uma equipe para atender os três espaços. Como responsável, não posso deixar que o problema exploda. Como eu não consegui ser ouvido através de canais internos, eu faço pelos externos (a mídia). Então, todo mundo ouviu, se vão resolver, eu não sei. Torço para quem assuma a minha responsabilidade, resolva. Tudo que eu fiz foi nesse sentido, de resolver. O mais importante é que se tenha a ampliação das equipes para trabalhar nesses teatros.
JC – O senhor acredita que o governador Eduardo Leite investiu em cultura nesses dois mandatos?
Hohlfeldt-Eu não tenho a menor dúvida. Independente deste episódio pontual, ele foi um dos governadores que mais investiu na área da Cultura. Dentro da proposta da secretária de Estado da Cultura, Beatriz Araujo (que deixou o cargo em abril deste ano), ele foi muito objetivo na recuperação do patrimônio, de museus, em todo o Estado. Este episódio pontual não pode zerar ou negar aquilo que foi feito de positivo na administração do governador Leite nos dois mandatos. Mas tem que se lembrar que não basta investir em prédio, tem que ser investido em pessoas, ter equipes compatíveis com o serviço e remunerar essas equipes dignamente. Quando nós propusemos algo mínimo, não conseguíamos ter um diálogo. Quando as pessoas não são reconhecidas, elas vão perdendo à vontade. Eu não consigo ter uma equipe funcionando se as pessoas não estão mais motivadas.
 



Fonte ==> Folha SP

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