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A falácia da liberdade de expressão – 04/05/2025 – Opinião

A imagem mostra uma manifestação com várias pessoas segurando cartazes. Os cartazes têm os dizeres

A mídia tem estado lotada de artigos e postagens sobre as perseguições sofridas por estudantes estrangeiros nos Estados Unidos, que foram presos “arbitrariamente” e estão sujeitos a deportação para seus países de origem.

Questionado, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, deu a seguinte declaração: “Se ao apresentar o pedido de visto de estudante o aluno declarar que é um ardoroso apoiador do Hamas, um grupo assassino que sequestra crianças, estupra garotas adolescentes, sequestra reféns e devolve mais corpos que reféns vivos, o seu visto será negado. E também se for declarado que o candidato virá ao nosso país para hostilizar estudantes judeus e promover atividades antissemitas. E se o visto tiver sido concedido, e o estudante se envolver nessas atividades, o visto será cancelado”.


E continua: “Não é uma questão de liberdade de expressão. Estas pessoas não têm o direito de estar aqui. Estas ações são uma resposta a atos de vandalismo, cumplicidade com o bloqueio a instituições de ensino, impedindo outros alunos de estudar. E quando isto acontece temos o direito de revogar o visto e expulsar os responsáveis”.

As palavras de Rubio refletem o confronto entre a liberdade de expressão e o direito de ir e vir. Por que apoiadores de um grupo terrorista deveriam ter o direito de hostilizar seus colegas e impedi-los de frequentar a universidade? Por que não deveriam ser dispersadas manifestações que promovem o slogan “do rio ao mar”, quando é notório que este se refere à eliminação do Estado de Israel e de sua população judaica? Por que deveria ser tolerada a ideia de que um judeu portando um solidéu ou uma estrela de Davi é um alvo legítimo de violência física em uma universidade?

Ao longo do último ano e meio, os cursos que abordam Israel têm sido boicotados, e professores que são vistos como sionistas têm sido impedidos de dar aulas e participar de congressos, numa total negação do conceito de “liberdade de expressão”.

Uma das mais respeitadas universidades norte-americanas, Brown, responsável pelo conteúdo dos currículos escolares utilizados na educação de mais de 1 milhão de alunos no país, define Israel como um Estado colonial, Tel Aviv como a capital do país (que é Jerusalém) e o Hezbollah como um “grupo militante”, tendo eliminado qualquer referência sobre as declarações genocidas do Irã em relação a Israel.

E esse é apenas um sintoma de como grande parte das mais importantes universidades dos Estados Unidos tem lidado com a legitimidade de Israel e manifestações antissemitas, por mais que a lei as obrigue a proteger seus estudantes judeus, como a qualquer minoria.

Esconder-se por trás da Primeira Emenda para promover a hostilização de judeus nos campi e o boicote a instituições educacionais israelenses, alegando diversidade e inclusão, me lembra a história de um liberal radical que decidiu organizar um jantar que incluísse e atendesse a todos: carnívoros e vegetarianos, veganos, amantes de peixes e frutos do mar, celíacos e alérgicos a todo tipo de comidas. E então alguém lembrou que, se todos deveriam ser incluídos, deveriam convidar também os canibais. Mas, quando somos chamados para um jantar, sempre queremos saber se estamos na lista de convidados ou no menu.

Liberdade de expressão é fundamental, mas não quando atenta contra a liberdade individual do próximo.

TENDÊNCIAS / DEBATES

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.



Fonte ==> Folha SP

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