Para quem vive há séculos entre as palavras, isso não devia me surpreender. Mas, quanto mais convencido de que não há mares estranhos a navegar no vocabulário, mais os jornais e sites me cumulam de palavras novas, formadas, sabe-se lá por quem, para designar algo que até havia pouco não existia ou não fora pensado. E o jeito é listá-las, para ir me acostumando a elas.
Já escrevi duas colunas —”Bichectomia, homoeomorfo e ninfoplastia” (23/9/2024) e “Dumbice, impipocável e nomofobia” (13/2)— apresentando quase 150 dessas novas palavras. O lexicógrafo Ricardo Cavaliere, meu colega da Academia Brasileira de Letras, propôs-se a examiná-las para saber se estão dentro da legalidade linguística, tendo em visto sua inclusão ou não no Volp, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, publicação da Academia e pela qual é um dos responsáveis. Pois aí vão mais 91, que recolhi nos últimos meses.
Abusômetro. Afliceta. Agamia. Agrogay. Almojantar. Androgênese. Austericídio. Avolescente. Biobanco. Biomacho. Bumbumless. Bypassar. Cafake. Caquistocracia. Chatofobia. Cibercangaço. Cinépolis. Comoditização. Crimigração. Cristofascismo. Desinformática. Desmorrer. Docussérie. Draftar. Eficientização. Entomofagia. Espertofone. Esquerdomacho. Eternauta. Exaurente. Extradicionalidade.
Faloplastia. Favoritar. Feminilizar. Fervereiro. Flanelex. Flipar. Flopar. Galãzura. Gamificar. Gerontolescência. Glitteração. Gozofone. GPTerapia. Heteropessimismo. Hipomania. Hominímio. Idiotário. Iliberal. Incel. Infoxicação. Jovelho. Jumência. Lambeijo. Linguar. Lipofobia. Lispectorante.
Machosfera. Memecoin. Menopower. Mesversário. Metaverso. Microbiota. Mimizento. Monotático. Namorido. Nosofobia. Nutricídio. Oficiala. Pagodejo. Paleologismo. Panóptica. Parentalismo. Pejotização. Perpetuante. Poliamor. Pornotopia. Poupatempar. Prisômetro. Sedizente. Selecionite. Sertanojo. Sororidade. Tarificídio. Tidsoptimista. Toboágua. Trisal. Turismofobia. Vergonhômetro. Zen-jitsu.
Será que alguma pega?
Fonte ==> Folha SP