Search
Close this search box.
Search
Close this search box.

Ano de sacrifício termina com recuperação na Argentina – 22/03/2025 – Opinião

Ano de sacrifício termina com recuperação na Argentina - 22/03/2025 - Opinião

Depois da forte queda da atividade e da piora dos indicadores de pobreza no primeiro semestre de 2024, a Argentina encerrou o ano em situação mais positiva —não sem riscos de recaída, porém.

O Produto Interno Bruto (PIB) teve contração anual de 1,7% no ano passado, mas houve recuperação na segunda metade do ano, com altas de 4,3% no terceiro trimestre e de 1,4% no quarto, encerrando uma recessão que castigava o país desde o final de 2023.

Tal desempenho, impulsionado por consumo privado, investimentos e exportações, especialmente no setor agrícola, oferece um alento ao governo de Javier Milei, que completou seu primeiro ano com resultados melhores que as projeções iniciais.

A vitória, no entanto, é insuficiente diante dos indicadores sociais ruins. A pobreza, que atingiu 54,8% da população no primeiro trimestre de 2024, caiu a ainda muito altos 38,9% no terceiro trimestre, patamar próximo ao observado em 2023.

E a inflação, embora tenha desacelerado de 211,4% para 117,8% no ano passado, segue em níveis elevados, pressionando o poder de compra dos argentinos. É positiva, mesmo assim, a tendência de altas mensais menores.

As perspectivas parecem favoráveis em 2025. A projeção mais recente da OCDE é de crescimento de 5,7%, que, se confirmado, posicionaria a Argentina como uma das economias de maior expansão na América Latina.

Consolidar esse cenário, porém, depende da negociação de um novo empréstimo com o FMI, que pode chegar a US$ 20 bilhões, tida como essencial para reforçar as reservas do Banco Central.

Parte da diminuição da carestia só foi possível graças à grande valorização real (descontada a inflação) do peso, o que compromete a competitividade das exportações e não é sustentável. Corrigir o problema não será fácil. A remoção dos controles cambiais é uma bandeira de Milei, mas o processo é delicado.

Uma liberalização abrupta poderia disparar o dólar e reavivar a inflação. Um novo empréstimo traria dólares para as reservas e daria margem para uma desvalorização controlada do peso, mas virá com condições rigorosas, como metas fiscais e reformas.

Milei buscará ainda manter sua popularidade —que segue acima de 40% apesar de não poucas dificuldades e uma tendência recente de queda. A maneira mais virtuosa de fazê-lo é manter a redução da pobreza e da inflação. Resultantes de anos de má gestão, os sacrifícios do país, ora refletidos em protestos de aposentados, não podem ser em vão.

editoriais@grupofolha.com.br



Fonte ==> Folha SP

Relacionados