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Astrônomos acham planeta grande orbitando estrela pequena – 08/06/2025 – Ciência

Astrônomos acham planeta grande orbitando estrela pequena - 08/06/2025 - Ciência

Astrônomos identificaram uma incompatibilidade cósmica: um planeta grande orbitando uma estrela pequena. A descoberta desafia o entendimento sobre como os planetas se formam.

A estrela tem cerca de um quinto da massa do Sol. Estrelas desse tamanho deveriam abrigar planetas pequenos semelhantes à Terra e a Marte, de acordo com as principais teorias sobre formação planetária. Mas o planeta, chamado de TOI-6894 b, detectado em órbita ao redor da estrela é muito maior —na verdade, tão grande quanto Saturno, o segundo maior planeta do nosso Sistema Solar.

A estrela, batizada de TOI-6894, está localizada a aproximadamente 240 anos-luz da Terra na constelação de Leão —um ano-luz é a distância que a luz percorre em um ano, 9,5 trilhões de quilômetros. É a menor estrela conhecida a abrigar um planeta grande, cerca de 40% menor que as duas detentoras do recorde anterior.

“A questão de como uma estrela tão pequena pode abrigar um planeta tão grande é algo que essa descoberta levanta e ainda não temos resposta”, disse o astrônomo Edward Bryant, da Universidade de Warwick, na Inglaterra, autor principal do estudo publicado na última quarta-feira (4) na revista Nature Astronomy.

Planetas além do nosso Sistema Solar são chamados de exoplanetas. Aquele que orbita TOI-6894 é um gigante gasoso, como Saturno e Júpiter, e não rochoso, como a Terra.

O nascimento de um sistema planetário começa com uma grande nuvem de gás e poeira que colapsa sob sua própria gravidade para formar uma estrela central. O material restante girando ao redor da estrela, chamado de disco protoplanetário, forma planetas. Nuvens menores produzem estrelas menores, e discos menores contêm menos material para formar planetas.

“Em pequenas nuvens de poeira e gás, é difícil formar um planeta gigante”, afirmou o cientista de exoplanetas e coautor do estudo Vincent van Eylen, do Laboratório de Ciência Espacial Mullard da University College London.

“Isso ocorre porque, para formar um planeta gigante, você precisa rapidamente construir um grande núcleo planetário e depois rapidamente acumular uma grande quantidade de gás sobre esse núcleo. Mas há apenas um tempo limitado para fazer isso antes que a estrela comece a brilhar e o disco desapareça rapidamente”, acrescentou Van Eylen

“Em estrelas pequenas, acreditamos que simplesmente não há massa suficiente disponível para construir um planeta gigante rápido o bastante antes que o disco desapareça.”

Nenhum planeta conhecido é maior que sua estrela hospedeira, e esse também é o caso aqui, embora os dois estejam muito mais próximos em tamanho do que o normal. Enquanto o diâmetro do Sol é dez vezes maior que o de Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar, o diâmetro de TOI-6894 é 2,5 vezes maior que o de seu único planeta conhecido.

A estrela é uma anã vermelha, o menor tipo de estrela regular e o tipo mais comum encontrado na galáxia Via Láctea.

“Dado que essas estrelas são muito comuns, pode haver muito mais planetas gigantes na galáxia do que pensávamos”, disse Bryant.

A estrela possui cerca de 21% da massa do Sol e é muito mais fraca. Na verdade, o Sol é cerca de 250 vezes mais luminoso que TOI-6894.

“Essas descobertas sugerem que mesmo as menores estrelas do Universo podem, em alguns casos, formar planetas muito grandes. Isso nos força a repensar alguns de nossos modelos de formação planetária”, disse Van Eylen.

O planeta está localizado cerca de 40 vezes mais próximo de sua estrela do que a Terra está do Sol, completando uma órbita em cerca de três dias. Sua proximidade com a estrela significa que a superfície do planeta é bastante quente, embora não tão quente quanto os gigantes gasosos chamados “Júpiteres quentes” detectados orbitando igualmente próximos de estrelas maiores.

Seu diâmetro é ligeiramente maior que o de Saturno e um pouco menor que o de Júpiter, embora seja menos denso que eles. Sua massa é 56% da de Saturno e 17% da de Júpiter.

Os principais dados usados no estudo do planeta vieram do Satélite de Pesquisa de Exoplanetas em Trânsito (TESS), da Nasa, em órbita, e do Very Large Telescope (VLT), baseado no Chile, do Observatório Europeu do Sul.

Os pesquisadores têm a expectativa de entender melhor a composição do planeta com observações planejadas para o próximo ano usando o telescópio James Webb.

“Esperamos que ele tenha um núcleo massivo cercado por um envelope gasoso composto predominantemente de hidrogênio e hélio”, disse Bryant.



Fonte ==> Folha SP – TEC

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