A 17ª Cúpula de Líderes do Brics encerrou na segunda-feira no Rio de Janeiro com a cobrança de um maior envolvimento das nações desenvolvidas no financiamento de ações para mitigar os impactos das mudanças climáticas. O bloco defende a participação efetiva dos países mais ricos na distribuição de recursos para a transição energética. No documento assinado ao final do encontro, os líderes reafirmaram a necessidade de que seja cumprido o Acordo de Paris e que haja cooperação internacional para adoção de medidas que contribuam para a redução das emissões de carbono.
O Brics responde por 48,5% da população mundial, 36% do território do planeta e 40% do PIB global, segundo dados do TradeMap e do Banco Mundial. Para os 11 integrantes do bloco – Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã – os países desenvolvidos, que enriqueceram à base de combustíveis fósseis, precisam se empenhar financeiramente na descarbonização global. Essa participação deve ocorrer também por meio da liberação de verbas para que as nações menos desenvolvidas tenham condições de reduzir a emissão de gases de efeito estufa.
Nos últimos anos, o mundo vem enfrentando uma sucessão de eventos climáticos extremos. Secas, inundações, incêndios florestais, frio e calor intensos, entre outras situações, têm causado a morte de milhares de pessoas e prejuízos financeiros significativos.
Não faltam exemplos de tragédias climáticas, de Norte a Sul do Planeta. Diante das previsões de agravamento destes episódios, a sustentabilidade deve pautar o desenvolvimento. Porém, a desigualdade financeira é um empecilho para que todos os países se engajem nessa frente e invistam em matrizes energéticas menos poluentes.
Sem compromisso financeiro concreto por parte dos países desenvolvidos, seguirá o descompasso nas ações para frear o avanço das mudanças climáticas. As nações em desenvolvimento não se negam a trabalhar pela descarbonização do planeta, mas necessitam de acesso a recursos e tecnologias que viabilizem os investimentos em iniciativas que tenham esse propósito.
Ao cobrar protagonismo financeiro de quem teve papel marcante nas emissões de gases do efeito estufa, o Brics reafirma que a transição energética precisa ser, além de urgente, igualitária. O desafio é comum, mas os meios de enfrentá-lo ainda são desiguais.
Fonte ==> Folha SP