Os cem primeiros dias de Donald Trump no governo dos Estados Unidos mostram não apenas um problema iminente para os produtores americanos, mas uma possível redução na oferta de alimentos no mundo no médio prazo, uma vez que o país é um dos principais fornecedores mundiais no setor.
Os problemas não se limitam à guerra comercial, que faz o americano ficar fora do principal mercado importador, mas também às medidas que estão sendo adotadas internamente. O mundo está em evolução e Trump e os seus oráculos pararam no tempo.
Importantes na produção de alimentos, os Estados Unidos já vêm perdendo participação na oferta mundial. Neste ano, as importações americanas atingirão US$ 220 bilhões no setor de agronegócio, US$ 49 bilhões acima do que será exportado. Esses números ainda não contemplam todo o estrago que a guerra comercial provocará sobre as vendas externas dos Estados Unidos.
O perigo maior é que a administração Trump vem colocando amarras sobre a produção, e isso terá reflexos sobre a atividade ao longo dos próximos anos. O desmanche que o governo impõe sobre a atividade agropecuária, por conta de reduzir custos, afeta não apenas a produção atual, mas também as pesquisas.
A agropecuária mundial vive uma fase de temores, vindos tanto de sérios desastres climáticos como de doenças que se espalham rapidamente pelo mundo. Um dos exemplos é a gripe aviária, que assola o mercado americano desde o início de 2022. Nesta segunda-feira (28), o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) informou que foram eliminados 169 milhões de aves das granjas do país devido à doença. Mesmo assim, a administração Trump demitiu pesquisadores voltados para a solução desse problema.
Programas voltados para estudos sobre a crise climática, redução da emissão de carbono, melhoramento de solo, combate à seca e às pragas perdem recursos. Os programas de compras de alimentos regionais sofrem cortes, enfraquecendo as comunidades rurais e o desenvolvimento do pequeno produtor. Tudo isso leva a uma redução da produção no futuro.
Fenômeno raro ocasionou um apagão geral na Espanha e em Portugal. Os olhares se voltaram para gente presa em elevadores e em metrô, mas o apagão colocou em risco da produção de leite à ventilação em granjas e refrigeração de câmeras frias. As crises climáticas, cada vez mais frequentes, são ignoradas pela administração Trump.
A guerra comercial é um problema sério para os produtores dos Estados Unidos, e, para não levar ao desespero seus eleitores do campo, o governo deverá colocar um subsídio recorde para os agricultores de soja, milho e trigo. No primeiro mandato, quando a guerra foi menos séria, os gastos chegaram a US$ 23 bilhões.
A política atual mina também a renda dos produtores, reduzindo o poder de produção nos próximos anos. No primeiro mandato de Trump, foram 600 pedidos de falência no campo. Estavam em 139 em 2023 e já chegam a 82 apenas no primeiro trimestre deste ano, segundo a Bloomberg.
A queda de renda e aumento de falências não ocorrem apenas por causa da administração Trump, mas certamente a guerra comercial, retração de preços das commodities e exportações menores colocam o produtor cada vez mais próximo da porta da falência.
Mesmo com tudo isso, boa parte dos produtores americanos ainda acredita que vai melhorar e dão apoio incondicional ao governo.
Conectividade As áreas rurais com cobertura 4G ou 5 G aumentaram de 18,5% para 33,9% em um ano, segundo a ConectarAgro. Os avanços ocorreram com maior concentração nas regiões Sul e Sudeste.
Itália na Agrishow De tratores especializados a sistemas de agricultura de precisão e de irrigação, a Itália comemora os 25 anos de presença no agronegócio brasileiro com um pavilhão com inovação e desenvolvimento sustentável na Agrishow de 2025.
Itália na Agrishow 2 Com olhares no potencial brasileiro hortifrutigranjeiro, o pavilhão mostra soluções específicas para o segmento, visando a aproximação do pequeno e médio produtor com as tecnologias que otimizam recursos nesse setor.
Fonte ==> Folha SP