A trégua de cinco meses no conflito econômico entre Estados Unidos e China foi rompida na sexta-feira (10), a cerca de duas semanas de um encontro marcado entre Donald Trump e Xi Jinping.
A pasta chinesa do Comércio impôs restrições à exportação e uso de terras raras e tecnologias relacionadas. O americano respondeu com mais um tarifaço, elevando em 100 pontos percentuais o imposto de importação sobre produtos do país asiático, e novas restrições à venda de alta tecnologia para a China.
O risco de que a tensão entre os dois países voltasse aos níveis de abril já abalava os mercados financeiros. Agora, reavivam-se incertezas acerca de regras do jogo econômico, da viabilidade de investimentos e do suprimento de insumos industriais. Resta saber se as potências vão recuar dessa nova onda de insanidade.
Antes da trégua de maio, a restrição às vendas de terras raras prejudicara a produção em fábricas americanas e europeias. Embora Trump houvesse baixado as tarifas de abril sobre produtos chineses, o governo de Xi pretendia que os EUA revissem sanções tecnológicas e contra empresas chinesas.
Tais proibições se multiplicaram no primeiro governo do republicano, em parte foram mantidas ou diversificadas sob a administração de Joe Biden e se tornaram instrumento mais agressivo neste ano. Em linhas gerais, são política de Estado.
No caso de Trump 2, o problema maior é a imprevisibilidade que se imprime ao conflito geoeconômico, com mudanças frequentes de regras e exorbitâncias como o tarifaço de abril.
A China limitou na quinta (9) exportações de terras raras, de produtos fabricados com esses minerais, das tecnologias de extração e processamento e dos equipamentos utilizados.
Empresas estrangeiras terão de pedir permissão ao governo a fim de realizar negócios com bens que utilizem insumos, conhecimentos e equipamentos chineses. As vendas de matérias-primas que possam ser utilizadas no setor militar estão vetadas.
Tais medidas, no limite, podem prejudicar a indústria de ponta dos EUA e de países desenvolvidos. São capazes de dificultar a atividade do complexo que impulsiona o crescimento econômico de curto prazo e projeta revolução tecnológica, aquele relacionado à inteligência artificial.
O conflito sino-americano se agrava em um mundo já repleto de incertezas. Para o Brasil, que tem incubada uma crise fiscal e padece sob inflação resistente e juros altos, é motivo de alerta.
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Fonte ==> Folha SP