O bilionário Elon Musk e presidente americano, Donald Trump, foram grandes parceiros na campanha eleitoral em que o republicano derrotou Kamala Harris, no fim de 2024. Musk chegou a se tornar o maior doador da campanha, se juntou ao candidato em comícios e assumiu um cargo estratégico dentro do governo. Porém, nos últimos dias, a relação se desgastou ao ponto de se transformar em uma troca pública de acusações e críticas nas redes sociais.
Publicamente, o relacionamento entre Elon Musk e Donald Trump começou em julho de 2024. O então candidato republicano discursava na cidade de Butler, na Pensilvânia, quando foi alvejado; um dos tiros chegou a pegar de raspão em sua orelha. O atentado também matou um espectador e deixou outras duas pessoas feridas.
Após o ataque, Elon Musk declarou seu “apoio total a Trump” na eleição presidencial em seu perfil no X, e desejou ao candidato uma rápida recuperação.
Elon Musk foi o maior doador da campanha
A partir de então, Elon Musk passou a se envolver de maneira direta na campanha de Trump. O bilionário injetou milhões de dólares em doações e se tornou, com folga, o maior doador individual nas eleições.
Musk doou mais de US$ 291 milhões para a campanha de Donald Trump, quase US$ 100 milhões a mais do que o segundo maior doador. Toda a verba foi direcionada ao Partido Republicano.
Em um dos momentos mais polêmicos da campanha, Elon Musk criou uma espécie de loteria que dava US$ 1 milhão por dia para um dos eleitores que assinassem uma petição e fosse registrado para votar em estados-chave das eleições. A medida foi amplamente criticada pelos democratas, alegando que a prática incentivava financeiramente o registro de eleitores, o que é proibido pela legislação dos Estados Unidos.
Interesse de Musk em participar do governo
Elon Musk começou a flertar com a participação no governo em agosto de 2024, quando publicou em seu perfil no X uma montagem sua em um púlpito com a bandeira dos Estados Unidos ao fundo.
O púlpito já trazia a sigla Dogerepresentando “Departamento de Eficiência Governamental”mas fazendo referência a um meme da internet que deu origem a uma criptomoeda apoiada por Elon Musk.
Após a eleição de Trump, o Doge realmente foi criado por uma ordem executiva como um órgão consultivo. O departamento não é um braço oficial do governo, o que só poderia ser feito por meio de lei aprovada no Congresso.
Também em agosto, Musk abriu um Spaces para realizar uma entrevista de duas horas com Trump, utilizando seu alcance gigante no X para promover o candidato.
Em uma cena marcante da campanha eleitoral, Elon Musk se juntou a Donald Trump para um comício na Pensilvânia em outubro, na cidade onde o candidato havia sofrido um atentado alguns meses antes.
O bilionário usava o boné com a frase “Torne a América ótima de novo”um dos símbolos mais marcantes dos apoiadores de Trump. Ele também discursou e afirmou que o candidato era o único a “preservar a democracia nos Estados Unidos”.
Musk assume cargo no governo
Em novembro, após a eleição e vitória de Donald Trump, Elon Musk foi nomeado para liderar o recém-criado Doge, com a missão de implementar uma política radical de corte de custos do governo federal.
Entre as medidas adotadas pelo Doge estão a demissão em massa de funcionários públicos, dissolvição de agências regulatórias e cancelamento de contratos. Musk foi acusado de conflito de interesses, já que alguns dos alvos do departamento foram órgãos que impactavam diretamente seus negócios.
Musk e Trump fortaleceram seu relacionamento e se tornaram figuras indissociáveis no início do mandato. O empresário discursou durante a cerimônia de posse, chamando atenção com uma saudação interpretada como gesto nazista, e apareceu ao lado do presidente em sua primeira coletiva.
Enquanto isso, Trump marcou presença em lançamento de foguete da SpaceX e utilizou a Casa Branca para promover carros da Tesla, estacionados na entrada da residência oficial após o presidente declarar em suas redes sociais que queria comprar um veículo da marca.
Em fevereiro de 2025, Elon Musk chegou a publicar em seu perfil no X que “amava Donald Trump tanto quanto um homem heterossexual pode amar outro homem”.
Críticas e saída do governo
Em abril, Elon Musk começou a se afastar do governo, afirmando que reduziria significativamente seu papel no Doge ao longo das semanas seguintes. Foi o início da ruptura.
Já em maio, enquanto ainda liderava o departamento, Musk criticou abertamente a “Big Beautiful Bill”projeto de lei orçamentária que prevê reduções de impostos, mas não um corte de custos da mesma proporção, gerando risco de aumento da dívida pública do país. Para ele, o projeto mina o trabalho feito pela sua equipe no Doge.
Dias depois, em 30 de maio, Musk anunciou sua saída do posto de líder do departamento. Com o título de funcionário especial do governo, o bilionário só poderia exercer a função por 130 dias e deixou seu cargo exatamente no limite do prazo.
Trump e Musk trocam acusações nas redes sociais
Após deixar o governo, Elon Musk se tornou mais agressivo em suas críticas ao “big beautiful bill”, chamando o projeto de “uma abominação nojenta” que pode explodir o orçamento federal.
Trump, por sua vez, acusou Elon Musk de criticar o pacote fiscal porque ele prevê o fim de subsídios de bilhões de dólares a veículos elétricos. O fim do benefício impacta diretamente a Tesla.
Como resposta, Musk acusou Trump de estar nos arquivos de Epstein. Jeffrey Epstein foi um bilionário do ramo financeiro, condenado por crimes sexuais após a descoberta de uma rede de prostituição infantil. Teorias conspiratórias indicam que sua lista de clientes nunca foi tornada pública por conter o nome de pessoas poderosas.
Elon Musk ainda republicou mensagem de um de seus apoiadores dizendo que Trump deveria sofrer impeachment e afirmou que as tarifas implementadas pelo presidente americano causarão uma recessão no país no segundo semestre.
Trump ameaçou romper os contratos governamentais com as empresas de Musk. Em resposta, o empresário prometeu desativar a nave espacial Dragon, utilizada pela Nasa, mas pareceu ter mudado de ideia em resposta a um seguidor.
Após a discussão pública, foi noticiado pelo site “Politico” que assessores agendaram uma ligação para tentar fazer as pazes. No entanto, horas depois, um representante da Casa Branca afirmou que Trump não tem interesse em falar com Musk neste momento.
Fonte ==> Exame