Recentemente, a decisão da BlackRock, líder global em gestão de ativos com mais de US$ 11 trilhões sob gestão, de deixar a Nzam (Net Zero Asset Managers) trouxe uma importante reflexão sobre os rumores da agenda ESG.
O movimento ocorre em um contexto global de crescente polarização política e incertezas econômicas, especialmente nos Estados Unidos, onde debates sobre sustentabilidade estão cada vez mais ligados a disputas ideológicas.
A saída de uma gigante como a BlackRock de uma das maiores alianças financeiras pela descarbonização de portfólios gera impactos imediatos e de longo prazo.
Para o setor de impacto, é crucial olhar para além do fato em si e entender os sinais que ele traz para investidores, empreendedores e organizações que promovem a transformação socioambiental.
Esta decisão sinaliza que os compromissos públicos de descarbonização podem enfrentar desafios adicionais em tempos de pressão política ou econômica.
Isso não significa o fim da agenda ESG, mas reforça a necessidade de estratégias mais claras e resultados tangíveis para manter a confiança dos investidores e stakeholders.
No curto prazo, pode haver um redirecionamento de capital, impactando projetos voltados exclusivamente para inclusão econômica ou sustentabilidade de longo prazo. Sem o suporte de grandes players comprometidos com metas robustas, esses projetos podem se tornar menos interessantes para investidores mais avessos a riscos ou resultados a longo prazo.
Por outro lado, o mercado de impacto também pode encontrar oportunidade inesperada: investidores buscando iniciativas com maior potencial de retorno financeiro e impacto simultaneamente. Isso abre espaço para modelos que combinem sustentabilidade com inovação e escalabilidade, como aceleração de startups e negócios de impacto.
Para organizações como o Impact Hub, que estão no caminho do impacto por convicção, cabe o desafio de mostrar que não existe futuro dos negócios sem considerar os aspectos sociais e ambientais das decisões.
Para que exista um mercado, é fundamental assegurar que empresas criem valor para as pessoas enquanto preservam o meio ambiente. Essa consciência levará cada vez mais agentes de mercado para negócios e investimentos de impacto, seja por convicção ou conveniência.
Negócios de impacto —que aliam retorno financeiro e solução de problemas socioambientais— têm se consolidado como uma das respostas mais eficazes a esse novo cenário.
Investimentos direcionados a startups e empresas com soluções inovadoras têm atraído atenção justamente por sua capacidade de gerar resultados mensuráveis e escaláveis em um curto período de tempo.
Essa perspectiva não elimina os desafios, mas reforça a importância de iniciativas que conectem investidores a oportunidades concretas e bem estruturadas.
Organizações voltadas para impacto desempenham papel fundamental ao criar espaços para articulação, inovação e melhoria, ajudando a consolidar o ecossistema de impacto como alternativa viável e rentável.
A saída da BlackRock da Nzam é um lembrete de que o mercado ESG está longe de ser estático. Ele está em constante evolução e depende da capacidade de adaptação e liderança dos atores envolvidos.
Grandes corporações, startups, organizações de impacto e fundos de investimento precisam trabalhar juntos para encontrar novas formas de alocar recursos e medir resultados.
No Impact Hub, acreditamos que esse diálogo e colaboração são cruciais para navegar por essas mudanças. É com esse foco que promovemos iniciativas como o Impacta Mais, o principal fórum de economia de impacto do Brasil, que acontece em março, em São Paulo.
O evento reunirá lideranças empresariais, investidores e empreendedores para discutir os desafios e as oportunidades do mercado de impacto em um mundo cada vez mais complexo e interdependente.
Em um momento em que os pilares da agenda ESG estão sendo testados, cabe a todos nós encontrar caminhos para garantir que o impacto positivo não seja apenas algo desejável, mas objetivo fundamental para assegurar o futuro dos negócios, da sociedade e do planeta.
Fonte ==> Folha SP