Agenda climática não é questão de ideologia, mas de sobrevivência econômica e competitiva. É preciso entender que sustentabilidade não é pauta de direita ou esquerda, mas um movimento global que define quem prospera no mercado e quem fica para trás.
Empresas, consumidores e investidores já internalizaram que mudanças climáticas impactam diretamente a economia. Fundos de investimentos trilionários adotaram o ESG como critério essencial para suas decisões.
Quem ignora essa agenda não só enfrenta a perda de competitividade, mas também pode se tornar alvo de boicotes e desvalorização no mercado financeiro.
A transição para uma economia de baixo carbono não é mais opcional. Negar essa realidade é ignorar as forças que hoje movem capital e consumo.
Nos seus primeiros dias de governo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, orquestrou a saída americana do Acordo de Paris. Com essa medida, ele enfraqueceu compromissos climáticos globais e também deixou de contribuir para a regulamentação do artigo sexto.
A cláusula é um dos pilares mais promissores do acordo, que estabelece as bases para um mercado de carbono internacional, permitindo que países e empresas compensem emissões investindo em projetos sustentáveis.
Enquanto países como a União Europeia e a China avançam rapidamente na criação de mercados robustos e transparentes, os Estados Unidos perderam a oportunidade de moldar essas regras e garantir benefícios estratégicos para suas indústrias.
A ausência do segundo maior emissor de gases de efeito estufa no debate pode permitir que outros países assumam a liderança e ditem os rumos de um dos mercados mais promissores do futuro.
A tendência é clara: produtos e serviços que não atendem às exigências ambientais enfrentam barreiras comerciais e rejeição de consumidores. O Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira, implementado pela União Europeia, é apenas o começo de um movimento mais amplo que penaliza práticas insustentáveis.
Por isso, volto a afirmar: a agenda ESG transcende divisões ideológicas. Não se trata de ser progressista ou conservador, mas de reconhecer que sustentabilidade é sinônimo de eficiência, inovação e competitividade.
Empresas líderes em ESG atraem investimentos, reduzem custos e se preparam para a escassez de recursos naturais.
Ao politizar a questão climática, como faz Trump, por exemplo, arrasta-se o debate para um campo que não deve ser polarizado. Negar isso compromete o progresso econômico e isola países e empresas em um mundo que já não tolera retrocessos.
Fonte ==> Folha SP