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Eu demito por valores, não por currículo – 16/06/2025 – Natalia Beauty

Mulher carregando caixa cheia de coisas de escritório é levada para fora de uma porta por um carrinho de mão

Tem gente que entra em uma empresa com um currículo brilhante, anos de experiência, fluência em três idiomas, MBA internacional e… zero caráter. E aí eu te pergunto, do que adianta o diploma se a pessoa joga contra o time? O problema das empresas hoje não é a falta de competência técnica, mas o excesso de gente qualificada que só trabalha por conveniência. Gente que entrega quando quer, ajuda quando convém e é gentil quando tem plateia e que, por trás dos bastidores, contamina, sabota e mina qualquer esforço de crescimento coletivo.

Sabe o que derruba uma empresa? Não é o funcionário que não sabe fazer, é o que não quer fazer. É o colaborador que tem currículo de gênio e postura de adolescente mimado. Aquele que diz “não fui contratado pra isso” sempre que precisa sair da zona de conforto, que compartilha o post motivacional no LinkedIn mas, na prática, trata os colegas como obstáculos e o cliente como incômodo.

Pois bem, esse tipo, eu demito. Mesmo com pós-doutorado em Harvard.

Porque caráter não vem no currículo e o sucesso de uma empresa não se constrói com QI de 160 e empatia zero. O que vale, no final das contas, é a ética na execução, o comprometimento real, o senso de dono, a vontade de ver o outro crescer junto. Gente que soma, que não joga para a plateia, que aparece para resolver, e não só para reclamar.

Eu prefiro formar uma equipe com gente comum, mas com valores extraordinários, do que manter medalhões tóxicos só porque impressionam em entrevistas. Já demiti profissionais “imbatíveis” tecnicamente que destruíam o clima da empresa com arrogância e vaidade, e não me arrependo. Porque talento sem humildade é veneno e competência sem valores é risco.

É por isso que, cada vez mais, a régua não é o currículo. É o comportamento, o impacto invisível que cada um causa no outro, o que se fala nas rodinhas quando o gestor não está por perto e o clima que se sente no ar quando alguém entra na sala.

Liderar é ter coragem de dizer adeus a quem não respeita a cultura da empresa, mesmo que isso custe um talento raro. Porque o preço de manter um “gênio tóxico” é alto, pois ele afasta os bons, mina os medianos e desmoraliza os líderes.

Tem muito empresário que ainda não entendeu isso e se prende a diplomas e resultados de curto prazo, sem perceber o buraco emocional que está abrindo na equipe. Que protege o “estrela” porque tem medo de perder performance, sem perceber que está perdendo tudo o resto como o respeito, clima, saúde mental e, no fim, lucro.

Sim, eu demito por valores porque talento a gente ensina e ética, não. Porque entrega se desenvolve, mas caráter, ou vem de casa ou não vem.

E sabe o mais irônico? Os funcionários com melhores valores são, quase sempre, os que menos fazem questão de mostrar currículo. Porque eles entendem que no final, é o valor que se deixa nas pessoas, e não no papel, que constrói o legado de uma carreira.



Fonte ==> Folha SP

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