“Onde está Obama?” A pergunta virou refrão, nos últimos meses, até o ex-presidente emitir sinais de fumaça por um porta-voz após ser absurdamente acusado de traição por Donald Trump.
Mas Obama escolheu um comunicado no estilo século 20, quando podia ter usado suas redes sociais com mais de 180 milhões de seguidores.
Surpreende que nenhum artista de rap, gênero incluído por Barack Obama nas suas playlists de verão, ainda não gravou versos neste tom: “Barack, where you’ve been? / Floating on a mega-yacht where the energy is clean? / Enough with the virtue signaling / Have you noticed the house on fire / While you tee off with Larry David in your fancy golf attire?”
A tradução não rima em português: “Barack, cadê você? / Flutuando num megaiate com energia limpa? / Chega de sinalizar virtudes / Você notou a casa pegando fogo / Enquanto joga golfe com Larry David, todo chique?”
Nada a temer, leitores, esta colunista e provecta avó não cogita embarcar numa carreira em hip hop. O exercício traduz a frustração em acompanhar o político americano mais popular do século 21. Ele gostava do apelido “Obama sem drama”. Já no momento mais arriscado da história moderna desta democracia, ele trocou, segundo a revista The Atlantic, a “audácia da esperança pela letargia feroz da semi-aposentadoria.”
O líder carismático e comunicador brilhante insiste na distância olímpica que marcava a pós-Presidência em tempos normais. Mas age nos bastidores. Sabemos que na crise que levou à renúncia da candidatura de Joe Biden, Obama não só queria ver seu ex-vice trocar o terno por um pijama como deixou claro não acreditar que Kamala Harris seria a substituta viável.
Neste aniversário da renúncia do pai, Hunter Biden deu entrevista a um YouTuber e sobrou palavrão para a liderança democrata, para ex-assessores de Obama (isto é, Obama) e, especialmente, para George Clooney, que é amigo do ex-presidente e o consultou antes de publicar o artigo de opinião que facilitou a debandada de aliados de Biden.
A acumulação de críticas parece ter incomodado, e Obama deu uma entrevista sobre o assunto à pequena publicação Mother Jones. O astuto jogador de basquete preferiu o lance livre com um jovem e lisonjeiro repórter tiktoker para dar seu recado. Ele disse que anda ocupado com a sua fundação, treinando a próxima geração de líderes nos EUA e no mundo.
Um órfão político poderia retrucar que Obama age como quem cruza os braços durante um incêndio, afirmando que tenta patentear um novo sistema de alarme contra o fogo.
No artigo da Atlantic, o autor destaca a privilegiada rotina de Barack Obama entre amigos milionários como o rei norueguês Harald 5º, discutindo assuntos globais sobre salmão defumado na residência real.
Logo cedo no dramático do primeiro mandato de Donald Trump, ficou claro que Obama queria distância quando ele Michelle foram vistos navegando no megaiate do bilionário David Geffen em companhia de Oprah Winfrey e de Tom Hanks.
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Neste mês, Obama estava numa festa para arrecadar fundos quando disparou contra seu partido. Pediu aos políticos eleitos mais dureza com os republicanos e menos “contemplação de umbigos.” E, por falar em umbigo, esta característica anatômica dos mamíferos associada a egotismo, não é que encontramos Barack e Michelle no estúdio de podcast da ex-primeira-dama, desmentindo alegremente os urgentes rumores de divórcio?
Sim, esta emergência conjugal que tira o sono de cerca de zero americanos.
Fonte ==> Folha SP