A tarifa de 50% imposta aos produtos brasileiros nas exportações para os Estados Unidos ocorre em um momento em que o Brasil aumentava as vendas agrícolas para o mercado americano e conseguia uma abertura maior para novos setores.
Conforme dados divulgados nesta semana pelos US Census Bureau e pelo Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), as exportações brasileiras de produtos agrícolas para os americanos subiram para US$ 5 bilhões no primeiro semestre, com evolução de 41% em relação aos valores de janeiro a junho de 2024.
Com esse aumento, o Brasil passou a ser o terceiro principal fornecedor de produtos agrícolas para os Estados Unidos, abaixo apenas dos líderes México e Canadá, que exportaram US$ 24,8 bilhões e US$ 19,1 bilhões, respectivamente. Se incluídos os produtos relacionados aos agrícolas, como os florestais, o valor das exportações brasileiras vai a 5,8 bilhões no primeiro semestre.
Quando se trata de exportações de produtos agrícolas americanos para o mercado brasileiro, o Brasil passa a representar pouco no ranking dos Estados Unidos. Os dados do governo americano indicam que o país exportou apenas US$ 466 milhões para os brasileiros, que aparecem apenas na 30ª posição na lista de compradores dos EUA.
Além de marcar presença em produtos tradicionais em que os Estados Unidos têm boa dependência no mercado externo, como café e suco, os brasileiros estavam conseguindo elevar a participação em vários outros setores, como frutas e vegetais.
No primeiro semestre deste ano, o Brasil aumentou em 14% as exportações de frutas e vegetais processados, em 13% as de frutas frescas, em 11% as de vegetais frescos, em 23% as de pasta de cacau e em 20% as café torrado. Os dados são US Bureau, e os percentuais são em volume, uma vez que em alguns casos, como os do café e do cacau, os preços dispararam no mercado internacional e mostrariam aumentos bem mais elevados.
O presidente Donald Trump coloca tarifas sobre todos os países parceiros em um momento de elevados gastos dos americanos com importações. Os Estados Unidos gastaram US$ 7,1 bilhões com a compra externa de carne bovina no primeiro semestre deste ano, com alta de 35% em relação ao mesmo período de 2024. As compras de café em grão subiram para US$ 5,6 bilhões, com aumento de 81%. O Brasil é o principal parceiro dos Estados Unidos no fornecimento desses dois produtos. Pelo menos era antes da absurda tarifa de 50%.
A dependência americana de produtos agrícolas se agrava ano após ano. Nos seis primeiros meses de 2025, o déficit da balança comercial de produtos agrícolas e dos itens relacionados ao setor subiu para patamares recordes de US$ 48 bilhões, podendo chegar perto dos US$ 100 bilhões neste ano. As importações atingiram US$ 140,3 bilhões no primeiro semestre, e as exportações, US$ 92,2 bilhões.
Os dados do US Census Bureau mostraram que as maiores dependências americanas estão em frutos do mar, com US$ 14 bilhões no semestre, produtos florestais, massas, frutas e vegetais frescos e processados, além de carne bovina.
No setor de exportações, os americanos são fortes em milho, com vendas de US$ 9,5 bilhões no semestre, soja, nozes, e carne bovina e suína. Estas duas últimas somaram US$ 4,9 bilhões e US$ 4,7 bilhões no período.
Exportações O Brasil deverá colocar de 8 milhões a 8,5 milhões de toneladas de soja no mercado externo neste mês, segundo estimativas da Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais).
Exportações 2 A previsão para o milho é de vendas de 7,2 milhões a 8 milhões de toneladas no período. A associação estima, ainda, uma saída de 1,7 milhão de toneladas de farelo de soja.
Arroz As exportações do cereal para os Estados Unidos representam 13% do que o Brasil coloca no mercado externo, segundo a Abiarroz (Associação Brasileira da Indústria de Arroz).
Arroz 2 A tarifa de 50% de Donald Trump faz o produto brasileiro perder competitividade e poderá trazer perdas de US$ 25 milhões por ano para o setor. O arroz comercializado no mercado americano é de alto valor agregado, segundo a Abiarroz.
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Fonte ==> Folha SP