O Hospital Municipal de Novo Hamburgono Vale do Sinos, identificou a presença de bactéria multirresistente da espécie Acinetobacter baumanniie precisou realocar sete pacientes. Segundo o Hospital, nos dias 11 e 15 de junho a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) recebeu pacientes portadores da bactéria já com medidas de precaução instaladas. Na semana seguinte, dois casos de transmissão horizontal foram detectados dentro da UTIintensificando medidas de bloqueio epidemiológico. Desde segunda-feira passada (4), a unidade está bloqueada para desinfecção e reabertura será avaliada em breve em conjunto com a Vigilância Municipal.
Por ser Altamente resistente a antibióticosa bactéria pode causar infecções graves e fatais. Para conter a disseminação, o hospital foi orientado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) a intensificar medidas de controle, como limpeza rigorosa, isolamento de pacientes, uso de equipamentos de proteção individual e vigilância contínua, com o acompanhamento da Comissão Estadual de Controle de Infecção (Cevs).
Segundo a secretária municipal de saúde de Novo Hamburgo, Betina Espindula, a situação está sendo controlada. “Logo que identificado tomamos todas as medidas, tanto no sentido de notificar a vigilância municipal e estadual, quanto de iniciar as limpezas”, afirma em nota.
Sobre a Acinetobacter
O presidente da Sociedade Gaúcha de Infectologia e chefe do serviço de infectologia da Santa Casa de Porto Alegre, Alessandro Pasqualotto, alerta que as bactérias multirresistentes tornaram-se um grande problema dos hospitaisonde é muito comum que surjam bactérias resistentes pela grande quantidade de antibióticos utilizada. “O problema dessas bactérias é que quando causam infecção em uma pessoa que está em grau debilitado, que está invadida, porque está com um téter ou um treno ou uma sonda ou algo assim, podem ser muito difíceis de serem tratadas”.
O gênero de bactérias Acinetobacter é uma causa comum de surtos em ambientes hospitalares. A espécie Acinetobacter baumannii pode se espalhar rapidamente entre pacientes doentes, já que ela consegue sobreviver em diversas superfícies e equipamentos.
Para o infectologista, é muito rápida a reação resistente de uma bactéria a um novo antibiótico que entra no mercado. “É um cenário onde, possivelmente, a gente não vai ter mais droga para tratar muitas infecções. Hoje a gente tem várias infecções que não tem antibiótico para usar. E a gente acaba tendo que usar antibióticos muito antigos, muito tóxicos, na tentativa de ajudar o paciente.
Além da higienização do local e de equipamentos, o infectologista também frisa a importância da menor permanência possível no hospital. “O paciente tem que resolver o seu problema e ir embora. E o menos invadido possível. Se o paciente, por exemplo, não precisa de um catéter, não precisa de uma sonda.Porque quanto mais invadido o paciente estiver, mais risco ele tende de se infectar por bactérias que estão no mesmo ambiente que o hospital”, indica.
Nota da Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH)
A Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH) esclarece que tomou as devidas providências tão logo identificou a bactéria Acinetobacter na área da UTI Adulto do Hospital Municipal, informando oficialmente os órgãos competentes de fiscalização sanitária, tanto do município quanto do Estado, garantindo a transparência e a adoção das medidas regulatórias necessárias. A partir do monitoramento conjunto realizado pela Direção Técnica, Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), Núcleo de Segurança do Paciente (NSP) e demais setores envolvidos, foram adotadas ações de contenção imediata. Os pacientes foram realocados em outras unidades que comportam suas necessidades de tratamento intensivo e estão recebendo todos os tratamentos disponíveis e assistências. Cabe ressaltar que a bactéria não é transmitida pelo ar e, portanto, não expõe os demais pacientes em outros ambientes.
Fonte ==> Folha SP