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IDH mostra progresso lento e desigualdade alta no Brasil – 07/05/2025 – Opinião

IDH mostra progresso lento e desigualdade alta no Brasil - 07/05/2025 - Opinião

Em 1990, quando a ONU começou a calcular o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o Brasil ocupava uma posição pouco mais do que intermediária entre os 130 países do levantamento, com desempenho 5% acima da média geral.

No mais recente relatório do IDH, referente ao ano de 2023 e divulgado na terça-feira (6), o Brasil enfim superou o índice obtido em 2019, antes da pandemia, e aparece na 84ª posição entre 193 países considerados —com resultado 4% acima da média.

Ao longo dessas mais de três décadas, acumulamos evidentes progressos nas medidas de renda, saúde e educação que compõem o indicador das Nações Unidas. O PIB por habitante subiu de US$ 12.178 para US$ 18.011, em valores corrigidos; a expectativa de vida ao nascer, de 65,86 para 75,85 anos; a escolaridade média, de 3,69 para 8,43 anos, e a esperada, de 14,1 para 15,79.

Mas, se os dados desautorizam diagnósticos catastrofistas, tampouco são dignos de entusiasmo em termos relativos.

Numa escala de 0 a 1, o IDH brasileiro chegou a 0,786, patamar que a ONU classifica, com alguma benevolência, como de alto desenvolvimento humano —enquanto os 74 países com mais de 0,8, aí incluídos os sul-americanos Chile, Argentina e Uruguai, são hoje considerados de desenvolvimento muito alto.

Desde 1990, nosso índice acumulou um aumento de 22,6%, enquanto o ritmo global foi de 24,3%, e o do grupo onde estamos, de 36,6%. Outros emergentes importantes ostentam avanços mais velozes, casos de China (62,3%), Índia (53,6%) e Turquia (42,6%), além dos vizinhos Peru (27%) e Colômbia (26,5%), que estão pouco acima no ranking.

Além de lentas em termos comparativos, as melhoras aqui são pessimamente distribuídas entre os cidadãos. No cálculo em que a ONU ajusta o IDH de acordo com a desigualdade social, o índice brasileiro desaba para 0,594, patamar mais próximo ao de baixo desenvolvimento humano (abaixo de 0,55), com perda de 21 posições na listagem global.

Na vergonhosa disparidade nacional, os 40% mais pobres detêm apenas 11,3% dos rendimentos da população, enquanto os 10% mais ricos ficam com 41%. Nos Estados Unidos, país mais desigual entre os ricos, os percentuais são 15,6% e 30,2%, respectivamente.

Elevada concentração de renda, bem como baixo crescimento econômico e precária qualidade da educação, são gargalos que o Brasil não conseguiu superar desde o restabelecimento da democracia, período de grande ampliação dos gastos públicos.

Boa parte da atuação do Estado, na verdade, agrava a desigualdade —por meio de tributação regressiva, subsídios exorbitantes para setores empresariais influentes, supersalários para a elite do funcionalismo e ensino superior gratuito para estratos abonados. Já o persistente desequilíbrio orçamentário resulta em juros elevados que travam o consumo e o investimento.

editoriais@grupofolha.com.br



Fonte ==> Folha SP

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