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Janaína Pascoal nega intenção de destombar a Penha – 29/04/2025 – Andanças na metrópole

Uma mulher está em pé, segurando um microfone, enquanto fala em um evento. Ela tem cabelo longo e escuro, e usa uma blusa de manga curta de cor clara. Ao fundo, há uma decoração com cortinas vermelhas e uma projeção em um círculo branco na parede. A iluminação é suave e o ambiente parece ser um espaço de eventos.

A Penha é um bairro histórico da zona leste de São Paulo e um lugar de devoção, com três igrejas importantes. O nome da localidade significa penhasco ou pedra grande. Dizia-se, em tempos passados, que da sua colina era possível avistar ao longe o Pátio do Colégio.

A Penha era passagem obrigatória entre as aldeias de Guarulhos e São Miguel e, desde o século 17, uma escala na rota dos bandeirantes que seguiam para o Rio de Janeiro e Minas Gerais. Sua fundação data de 1668, quando foi concedida uma sesmaria ao vigário Mateus Nunes de Siqueira.

Embora não tenha muitos prédios preservados, o bairro guarda referências urbanas ancestrais, como as igrejas de Nossa Senhora da Penha e de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, o largo do Rosário, o Hospital Nossa Senhora da Penha e a Escola Estadual Nossa Senhora da Penha.

Em torno do largo, onde hoje há uma estátua do músico Itamar Assumpção, que morou ali, se mantém também um traçado de ruas original que remonta ao período colonial.

O tombamento do centro histórico da Penha pelo Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo) aconteceu em fevereiro de 2018.

Agora, a vereadora Janaína Paschoal (PP) está sendo acusada de querer destombá-lo, visando facilitar a implantação de empreendimentos imobiliários no local.

A vereadora diz que jamais propôs o destombamento, mas no dia 10 de março tomou a iniciativa de realizar uma reunião pública na Câmara Municipal sobre o assunto. Paschoal alegava que durante sua campanha eleitoral foi abordada por muitas pessoas. Elas diziam que o bairro estava “esmagado” e impedido de crescer. Afirmavam também que a questão do tombamento precisaria ser revista.

“Não há nenhum pedido de destombamento, não tenho pretensão de destombar nada”, diz a vereadora. “Creio que alguém tenha encomendado essa campanha falsa contra mim e não sei com qual objetivo. Disseram até que eu queria demolir uma igreja.”

De qualquer forma, a discussão prosperou. No último dia 26, houve uma visita guiada pelo centro histórico e uma manifestação de protesto, que reuniu cerca de 50 pessoas, em defesa do patrimônio do bairro.

Para o produtor cultural Júlio César Marcelino, membro do Movimento Cultural da Penha e da Comunidade do Rosário dos Homens Pretos, o destombamento é uma ideia fora do lugar.

“O diferencial da Penha é justamente o centro histórico, que está em torno de uma colina e caracteriza o lugar. A rua João Ribeiro é do período colonial”, diz. “Esse aspecto que você tem hoje com prédios baixos, tipo uma pracinha do interior, só resistiu graças ao tombamento.” Segundo ele, o centro histórico não representa nem 1% da área total do distrito.

Pelo que se sabe não há qualquer projeto imobiliário na região que é alvo da polêmica e a Penha tem área suficiente para se desenvolver com qualidade de vida e gerando emprego para seus habitantes. O tombamento não é um entrave para o progresso. “A gente está vendo que a vereadora já deu uma recuada”, afirma Marcelino. “Mas precisamos manter a mobilização porque onde há fumaça há fogo.”

A subprefeitura da Penha tem cerca de meio milhão de habitantes e é composta por mais três distritos: Vila Matilde, Cangaíba e Artur Alvim. Só o distrito da Penha tem 150 mil habitantes. É um dos bairros mais antigos da cidade. Querer mexer no seu centro histórico é uma tolice sem tamanho.



Fonte ==> Folha SP

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