Filho de família numerosa e humilde, nascido em São Bernardo do Campo (SP), Jeferson Gomes da Silva aprendeu cedo que disciplina e trabalho insistente são combustíveis tão importantes quanto diesel.
Fascinado por caminhões desde a infância — o menino que não perdia uma série de estrada na TV — ele cresceu ajudando o pai, sapateiro, e descobriu aos poucos que o volante poderia ser um projeto de vida.
Em 2006, sem perspectivas de cursar uma faculdade e com a responsabilidade de ajudar a mãe nas contas, tomou a primeira decisão que mudaria o seu destino: comprou uma Kombi antiga e começou a fazer pequenas entregas no ABC. O começo exigiu improviso e coragem; em poucos meses, o serviço acumulado virou convicção. Era hora de dar o próximo passo.
Com o apoio do irmão mais velho — que emprestou o valor da entrada — Jeferson adquiriu seu primeiro caminhão e passou a rodar para fora da capital. A agenda cresceu, o raio de atuação também. Veio o segundo veículo, e com ele a necessidade de formar time: colocou um sobrinho para dirigir, organizou as rotas, aprendeu a negociar fretes e prazos. O negócio deixou de ser bico para se tornar operação.
Enquanto Jeferson cuidava da rua — motoristas, manutenção, coleta e entrega — a esposa assumiu o miolo administrativo: emissão de notas, planilhas, controles, o fluxo invisível que sustenta qualquer empresa de transporte. A dobradinha deu certo. Em poucos anos, a frota chegou a sete veículos próprios e mais dez agregados, atendendo cadeias de varejo e alimentos com exigências de pontualidade, segurança e rastreabilidade.
Sem cursos formais, Jeferson se formou na prática: aprendeu com cada contrato, cada rota nova e cada imprevisto no pátio. Construiu uma reputação em três pilares simples — cumprir horário, cuidar do cliente e pagar em dia — e traduziu isso em crescimento sustentável. O menino que começou dirigindo escondido tornou-se o empreendedor que coordena equipes, planeja manutenção preventiva e mede performance por indicadores.
Hoje, quase duas décadas depois, Jeferson olha para trás com reconhecimento do caminho percorrido — e para frente com o mesmo apetite de aprender que o tirou do ponto zero. Seu plano segue sendo o de profissionalizar continuamente a operação, investir em pessoas e tecnologia e manter acesa a chama que deu partida em tudo: o orgulho de entregar.