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Lembre artistas que não foram a 1ª opção para papeis na TV – 14/04/2025 – Televisão

Rio de Janeiro

A história da teledramaturgia brasileira poderia ser escrita de outra forma se prevalecesse a ideia inicial de autores e diretores para o elenco de algumas das mais marcantes novelas da TV nacional. O motivo para que fosse acionado um ‘plano B’ varia de caso a caso.

No remake de ‘Vale Tudo’, Paolla Oliveira não estava nos planos da autora Manuela Dias e do diretor, Paulo Silvestrini, para interpretar Heleninha Roitman. Paolla pediu para fazer um teste e conquistou o papel na raça. Ainda sobre ‘Vale Tudo’, é difícil imaginar outra atriz se não Beatriz Segall (1928-2018) como a Odete Roitman da versão original.

No entanto, a artista foi a terceira opção do autor. Gilberto Braga (1945-2021) havia sugerido Odete Lara (1929-2015) ou Tônia Carrero (1922-2018). Ambas recusaram, e a função coube a Segall. Deu no que deu: a vilã, que agora será vivida por Debora Bloch, tornou-se um dos personagens mais icônicos da TV.

Em “Pantanal” (1990) da extinta Rede Manchete, Claudio Marzo (1940-2015) também foi escalado de última hora para interpretar José Leôncio. Estava tudo certo para que o ator Carlos Alberto (1925-2007) fosse o protagonista, mas o veterano foi demitido da novela após constantes reclamações com a produção. Ele também não saber montar a cavalo, essencial para o personagem. A alternativa foi trocá-lo por Marzo .

Quando a Manchete anunciou a novela “Xica da Silva” em 1996, várias atrizes disputaram a personagem título. A cantora Simone Moreno foi uma delas; outra sondada para o teste foi Valéria Valenssa, que recusou devido a uma viagem a trabalho.

Após uma extensa seleção, a escolhida pelo diretor-geral Walter Avancini [1935-2001] foi a atriz e modelo Luzia Avellar, contudo ela foi substituída de última hora por Taís Araujo. O motivo para a mudança? “Segundo ele, eu era muito doce para o papel, e eu era. Ele acertou ao escolher a Taís”, conta Luzia ao F5.

Ela lembra como reagiu quando soube que havia perdido o papel: “Primeiro chorei, depois fiquei irada, depois relaxei, a vida tem sempre razão. Acho que tive uma reação humana, mas pacífica e compreensiva”. Luzia deu seguimento à carreira, fez novela e cinema, e em 2024 ganhou o prêmio de melhor atriz no New York Independent Cinema Awards pelo filme “Silêncio”.

Na mesma “Xica da Silva”, o ator Marco Polo Giacomini foi escolhido para interpretar o personagem José Maria. Ele chegou a gravar 20 cenas, mas não se adaptou ao método de direção de Avancini e desistiu do papel. Suas cenas foram regravadas por Guilherme Piva. Durante uma live sobre a novela em 2022, Marco Polo declarou que se sentiu muito pressionado, mas sem ressentimentos.

Antes dele, o personagem Zé Maria havia sido oferecido a Eduardo Dussek, conforme ele declarou ao F5 em junho de 2024. “Avancini queria que eu fizesse o galã, mas precisa ter um desempenho maior, aí ele falou ‘você quer fazer outro personagem? Tem uma bicha louca’, mas fiquei com o vilão”, contou.

Drica Moraes conquistou o respeito da crítica como Violante, rival de Xica. Ela também não era a primeira opção. A vilã havia sido oferecida anteriormente para Kristhel Byancco, que não pôde assumir o papel, mas ganhou outra personagem. “Estava grávida, mas não queria perder a oportunidade de trabalhar com Avancini”, relembrou a atriz.

Troca de protagonista

Revelada na minissérie “Sex Appeal” de 1993, Luana Piovani foi chamada em seguida para protagonizar “Olho no Olho”. No entanto, a atriz preferiu recusar a proposta, e a personagem foi para Patricia De Sabrit. “No primeiro momento é uma alegria absurda, ‘meu Deus vou protagonizar uma novela na Globo’, em seguida bate a insegurança, o receio, e conversei sobre isso com o diretor, mas felizmente dei conta”, contou Sabrit ao F5.

Escrava Isaura é a novela nacional mais exportada mundo afora, estima-se em 105 países. Ainda assim, a escolha de Lucélia Santos não agradou Gilberto Braga. Ele queria uma atriz mais experiente e madura, e sugeriu na época: Yoná Magalhães [1935-2015], Louise Cardoso ou Débora Duarte.

Mas o diretor Herval Rossano (1935-2007) optou por Lucélia e a fama ultrapassou fronteiras. A atriz passaria pela mesma situação em “Carmem” (1987), da Manchete. A autora Glória Perez preferia Vera Fischer no papel principal, mas José Wilker (1944-2014) então diretor, escolheu Lucélia; além disso, a contratação de Fischer não estava no orçamento da emissora.

Já no humorístico “Sai de Baixo”, no ar entre 1996 e 2002, a comediante Claudia Jimenez (1958-2022) interpretava a empregada doméstica Edileuza, mas não estava contente com o papel. A atriz tinha divergências em relação ao texto, e Ilana Kaplan assumiu a vaga. Entretanto, seu desempenho não agradou a direção, e logo ela foi substituída por Márcia Cabrita [1964-2017].

Em 1994, “Quatro por Quatro”, de Carlos Lombardi, foi marcada por uma pré-produção caótica. O autor queria como protagonista o quarteto Malu Mader, Eliane Giardini, Bruna Lombardi e Adriana Esteves. Algumas negaram o convite, enquanto outras já estavam em outros projetos.

A solução foi apelar para um plano B, e entraram respectivamente: Cristiana Oliveira, Elizabeth Savalla, Betty Lago [1955-201] e Letícia Spiller. Diversos personagens também foram trocados de última hora. A princípio, Spiller faria a enfermeira Duda, mas com a desistência de Esteves como Babalu, a ex-paquita ficou com o papel; enquanto Luana Piovani deu vida à profissional de saúde.

Apesar de todos os contratempos, “Quatro por Quatro” teve sucesso mediano, e ao lado de “Xica da Silva”, figura como uma das novelas com mais imprevistos de elenco.



Fonte ==> Folha SP

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