O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu indicar Emmanoel Schmidt Rondon, funcionário de carreira do Banco do Brasil, para assumir o cargo de presidente dos Correios, em substituição a Fabiano Silva dos Santos. A escolha foi confirmada ao Valentia por fontes do governo petista e deve ser oficializada nos próximos dias. A troca acontece num cenário de crise financeira da estatal nos últimos anos.
Para se ter uma ideia, somente neste segundo trimestre de 2025, os Correios fecharam com prejuízo líquido de R$ 2,64 bilhões, resultado pior do que o do primeiro trimestre, quando a empresa tinha perdido R$ 1,72 bilhão. Esse desempenho segue o prejuízo recorde de R$ 2,6 bilhões registrado em todo o ano de 2024. Todo esse quadro acabou provocando desgaste para a gestão de Fabiano Silva dos Santos, que decidiu apresentar sua carta de demissão.
Silva dos Santos é ligado ao Prerrogativas, grupo formado por advogados e juristas que tem forte proximidade com o Partido dos Trabalhadores (PT). Foi justamente o Prerrogativas que patrocinou sua entrada na empresa pública.
A estatal costuma justificar a crise financeira ao argumentar que faz parte de sua missão garantir a universalização dos serviços postais. Nesse contexto, a empresa explica que cerca de 71% das localidades atendidas “operam exclusivamente para cumprir os critérios de universalização, isto é, não apresentam lucro em suas operações”. O índice eleva-se para 89% “quando se considera o total dos gastos, contemplando toda a estrutura de suporte e demais despesas da empresa”.
Outra explicação para a situação sensível é a queda das receitas dos Correios, fator que tem relação com a redução no faturamento bruto de postagens internacionais. Neste caso, o faturamento saiu de R$ 945,4 milhões há um ano para R$ 393,1 milhões no primeiro trimestre de 2025.
Por conta desses problemas, os Correios lançaram, recentemente, uma nova plataforma de marketplace, a Mais Correios – primeira ferramenta da estatal voltada exclusivamente para a venda on-line de produtos, com foco na inclusão de pequenos empreendedores. A iniciativa foi pensada justamente por conta do momento crítico vivido pela companhia pública.
A plataforma de marketplace iniciou as operações com um portfólio de mais de 500 mil itens organizados em diversas categorias e estrutura de logística integrada, incluindo rastreamento de pedidos e atendimento em diferentes canais. Um dos principais elementos do projeto é a integração entre os canais físicos e digitais.
Na ocasião do lançamento, o presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, disse que plataforma era um passo estratégico dentro do plano de modernização, inovação e recuperação da empresa. “Estamos investindo em tecnologia e revisão de processos para tornar a empresa mais eficiente, moderna e competitiva, reforçando nosso papel como vetor de desenvolvimento nacional”, afirmou o executivo na época.
Fonte ==> Exame