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Mulheres são as que mais temem avanço sem lei de inteligência artificial, mostra estudo | Brasil

Mulheres são as que mais temem avanço sem lei de inteligência artificial, mostra estudo | Brasil

Maioria dos brasileiros (82%) já ouviu falar em Inteligência Artificial (IA) e mais da metade (54%) entende o que o termo significa. Mais ainda: 93% dos participantes utilizam alguma ferramenta que aplica a tecnologia de alguma maneira. É o que revela a pesquisa “Consumo e uso de Inteligência Artificial no Brasil”, realizada pelo Observatório Fundação Itaú e pelo Datafolha.

Além disso, para 75% dos respondentes a tecnologia já faz parte do cotidiano, sendo que 32% a consideram muito presente. O estudo aponta também que a utilização da ferramenta é mais frequente entre os mais jovens, os de maior escolaridade e os de classe econômica mais alta.

Para o coordenador do Observatório Fundação Itaú, Alan Valadares, a falta de conhecimento da população acerca da IA não tem relação com conectividade, que “está satisfatória no país”, diz. Em sua análise, é preciso maior “sensibilização” sobre o tema. “Prova disso, é que 66% dos entrevistados adquirem seu conhecimento sobre o tema por meio das redes sociais.”

Quando analisadas as regiões separadamente, 88% dos que moram no Sudeste afirmam já terem ouvido falar de IA, contra 73% no Nordesteárea que registrou o menor percentual de pessoas que já ouviram o termo. No Centro-Oeste foram 84%; no Norte foram 83%; e no Sul 80%. A maioria dos entrevistados (87%) que afirma ter ouvido falar na IA vive em regiões metropolitanas. Já no interior foram 79%.

A IA também é mais percebida à medida que diminui a idade das pessoas entrevistadas e conforme cresce a escolaridade e a classe econômica. 94% já ouviram falar sobre IA entre aqueles com 16 a 24 anos de idade; 90% entre os de 25 a 34 anos, e 69% entre pessoas com 60 anos ou mais.

Em relação à escolaridade, 97% dos que possuem ensino superior já ouviram falar sobre o termo; 91%, entre os que concluíram no máximo o ensino médio e 61% entre os que só concluíram o ensino fundamental. 94% já ouviram falar de IA entre as pessoas que são das classes econômicas A/B; 88% entre os da classe C e 66% entre os das classes D/E.

Para definir o que é inteligência artificial, 36% das pessoas fazem menções relacionadas à sua finalidade, como a capacidade de obter informações, criar conteúdo e facilitar a vida e o trabalho. Outras definições se relacionam ao modo de acesso (celular, computador, redes sociais) da ferramenta (16%). Contudo, poucas pessoas ao definir o que é IA fazem menções ao modo como ela opera – simulação da inteligência humana (14%), a ser uma inovação tecnológica (12%) ou ao potencial impacto da IA na sociedade (6%).

A pesquisa também revela que a principal fonte de informação sobre o que é a IA são as redes sociaiscitadas por 66% dos entrevistados. Jornais e noticiários vêm na sequência, mencionados por 44%, e filmes, séries e ficção científica são mencionados em terceiro lugar, por 25%.

Entre os usuários de ferramentas que utilizam IA, 70% relataram uso para apoiar atividades no trabalho, para se divertir no tempo livre e para estudar. O uso para situações de apoio nas atividades do trabalho ou para divertimento foram relatados por 50% dos usuários de ferramentas que utilizam IA; o uso para estudar foi relatado por 47%.

O uso da IA é mais frequente entre os mais jovens: entre 16-24 anos, 88% utilizam alguma ferramenta com IA para o trabalho, diversão ou estudo, porcentagem que cai gradativamente até chegar aos 47% entre os 60+.

Valadares considera preocupante o desconhecimento da IA pelos mais velho, pois, segundo ele, isso pode ser causa perda de postos de trabalho por essas pessoas. Para reverter esse cenário, o especialista recomenda que é preciso maior conscientização dessas pessoas. “A falta de interesse em aprender sobre o uso de IA tem a ver com desconhecimento acerca dos benefícios da ferramenta, que pode ajudar a sociedade a resolver alguns de seus problemas”, frisa.

A falta de interesse (34%) é o principal motivo entre aqueles que disseram nunca terem utilizado ferramentas de IA, seguido por desconhecimento (24%), dificuldade na utilização (17%) e falta de confiança (15%). A falta de interesse prevalece na faixa etária de 25-34 anos (53%) e entre aqueles com nível superior completo (46%), enquanto a desconfiança aparece mais entre os jovens de 16-24 anos (24%).

Inteligência Artificial e educação

O estudo revela também que 9 em cada 10 dos entrevistados (90%) concordam que todos os estudantes deveriam aprender a interagir com tecnologias de IA de forma responsável. A frase “a IA é essencial para preparar os estudantes para carreiras futuras” gerou concordância entre 78% dos entrevistados, 84% concordam que “a IA pode auxiliar diretamente no aprendizado dos estudantes” e 87% concordam que “os professores deveriam ter formação para integrar IA de forma responsável no processo de ensino-aprendizagem”.

Valadares afirma que “a IA tem ferramentas com potencial de aumento de engajamento dos alunos e de otimização do trabalho do professor”.

“A tecnologia, utilizada de maneira adequada, pode trazer muitos benefícios para o processo de ensino e aprendizagem, mas sem substituir o fator humano.”

Entre os entrevistados que utilizam inteligência artificial, 69% da população acha que a IA ajuda muito nos estudos, e 75% afirmam já ter aprendido algo novo utilizando a IA para os estudos. Quanto à confiança que depositam nos resultados que a IA dá, 42% afirmam confiar muito, e 56%, confiar um pouco. Essa é a mesma porcentagem daqueles que checam sempre os resultados que a IA dá (56%), enquanto 34% checam às vezes.

Percepções sobre trabalho e futuro

Cerca de sete em cada dez pessoas entrevistadas acreditam que a IA pode ser perigosa para a sociedade se for usada sem regras ou leis (77%) e que pode ser usada para criar informações ou notícias falsas (76%). Além disso, 56% acreditam que pode substituir trabalhadores ou profissões no futuro, e uma menor parcela (28%) acha que a IA consome recursos naturais prejudicando o meio ambiente. Por outro lado, seis em cada dez pessoas acreditam que a IA pode inspirar a imaginar e criar coisas novas, e 47%, que ela ajuda no dia a dia do trabalho/estudos.

Acreditar que a IA pode ser perigosa se for utilizada sem leis é mais frequente entre mulheres (79%) e conforme cresce a escolaridade (87% no nível superior). Já acreditar que a IA pode ser utilizada para criar fake news tem maior força na região metropolitana (80%). Acreditar que a IA pode substituir trabalhadores ou profissões no futuro é preponderante entre quem tem escolaridade até o ensino médio (59%). Já acreditar que a IA consome recursos naturais prejudicando o meio ambiente é mais frequente entre as mulheres (30%) e nas classes D/E (34%).

Nesse caso, o coordenador diz que é “extremamente importante” aprofundar a “formação midiática” da população a fim de dirimir dúvidas e findar medos e se ter um “uso mais responsável”.

As percepções sobre os impactos positivos da IA são maiores entre homens (62% deles acreditam que a IA pode ser uma fonte de inspiração, e 49% acham que a tecnologia ajuda no trabalho/estudo), pessoas com maior escolaridade (66% e 56% entre aqueles com ensino superior) e de classe econômica mais alta (mesma porcentagem anterior – 66% e 56%). Além disso, acreditar que a ferramenta pode inspirar é mais frequente entre as pessoas que tem 25 a 34 anos (71%).

Em relação à percepção de que a IA representa uma ameaça ao emprego ou profissão, 49% dos entrevistados identificam enquanto ameaça, enquanto 51% acreditam não ser uma ameaça. No entanto, quando perguntados se já ficaram sabendo de algum caso em que a IA tenha substituído trabalhadores, 41% dos respondentes afirmaram conhecer algum caso.

Metade das pessoas entrevistadas (50%) diz que a IA não impacta em nada na forma como trabalham. A outra parte se divide entre aqueles que veem impacto positivo (43%) e negativo (7%). A noção de impacto positivo aumenta entre os mais jovens (16 a 24 anos – 50%; 25 a 34 anos – 53%, chegando a 28% dentre os 60+), e entre entrevistados com ensino superior completo (66%) e pertencentes às classes A/B (60%)

Em relação à empregabilidade, 33% acreditam que a IA vai reduzir suas chances de conseguir um emprego, contra 26% que acreditam que a IA vai aumentar as chances. Para 41%, a IA não fará diferença. Dentre os entrevistados que acreditam que não haverá diferença, observamos que 55% possuem mais de 60 anos, 50% possuem escolaridade completa até o ensino fundamental e 46% pertencem à classe D/E.



Fonte ==> Exame

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