28 de abril de 2025

Na mira dos EUA, Irã aceita discutir programa nuclear – 13/04/2025 – Opinião

Na mira dos EUA, Irã aceita discutir programa nuclear - 13/04/2025 - Opinião

O Sultanato de Omã é uma das mais discretas petromonarquias do golfo Pérsico, sendo famoso por sua longa história como entreposto comercial —tanto que o nome da capital, Mascate, deu origem ao termo usado na língua portuguesa.

Em 2013, o local sediou uma negociação em que as equipes rivais de Estados Unidos e Irã se reuniam em salas separadas com mediadores omanis, apresentando de lado a lado suas visões sobre como evitar que a teocracia persa chegasse à bomba atômica.

Após dois anos, com participação de uma gama de países que incluiu Rússia, China e nações europeias, veio à luz um acordo pelo qual Teerã trocava sua pretensão militar nuclear pelo fim de sanções que remontam ao rompimento com o Ocidente, quando do nascimento da República Islâmica, em 1979.

Em 2018, no segundo ano do seu primeiro mandato na Casa Branca, Donald Trump denunciou o diploma como desfavorável aos EUA, alegando, não totalmente sem razão, que os iranianos ganhavam tempo.

Isso colocaria o país em condição de competir com Israel, que, com 90 ogivas não admitidas, é a única potência nuclear do Oriente Médio, além de maior aliado dos EUA na conturbada região.

Iranianos passaram a violar suas provisões, e hoje estima-se que Teerã tenha material para fazer até seis bombas em poucos meses. Trump passou a pressionar militarmente, mas o Irã não cedeu. Sob Joe Biden, tentativas de contatos deram em nada.

O resto é história recente: o ataque do Hamas, com terroristas palestinos protegidos pelo Irã, levou a um acerto de contas entre Israel e seus rivais regionais que faziam a primeira linha de defesa de Teerã. Houve troca de fogo entre Tel Aviv e os iranianos, mas ninguém quis uma guerra aberta.

Trump voltou ao poder e, dada a fraqueza do inimigo, lançou um ultimato: negociem ou destruiremos suas instalações nucleares. Posicionou forças para dar credibilidade à ameaça. Os aiatolás voltaram-se a Omã, reabrindo no sábado (12) as conversas, com direito a um inédito encontro entre os chefes de delegação.

A boa notícia é que elas continuarão. A má é que tudo indica que os termos dos EUA serão mais duros, exigindo o fim do programa nuclear iraniano —assim como se impôs à Líbia de Muammar Gaddafi em 2003.

Cientes do destino do ditador árabe, morto por uma turba na rua em 2011, os iranianos dificilmente aceitarão. Isso pode levar a um impasse que testará a firmeza com que Trump diz querer evitar novos conflitos.

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Fonte ==> Folha SP

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