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Nasa perde orçamento, administrador e vira alvo – 08/06/2025 – Mensageiro Sideral

Nasa perde orçamento, administrador e vira alvo - 08/06/2025 - Mensageiro Sideral

Foi uma semaninha do capeta para o programa espacial americano. Começou no dia 30, quando a Casa Branca apresentou sua proposta de orçamento detalhada para a Nasa. Já se sabia do corte geral de 25%, mas agora sabemos onde exatamente Trump quer cortar. O programa de ciência planetária foi devastado. Retorno de amostras de Marte? Cancelado. As missões Mars Odyssey e Maven, já em operação em Marte? Canceladas. A cooperação com o rover europeu Rosalind Franklin? Cancelada. As futuras missões a Vênus, Davinci e Veritas? Canceladas. Juno, em Júpiter, New Horizons, no cinturão de Kuiper, e Osiris-Apex, a caminho do asteroide Apófis? Canceladas. É um massacre.

O plano reduz a força de trabalho da Nasa em um terço, saindo de 17,3 mil servidores para 11,8 mil. Se implementada, a proposta orçamentária marca o fim da Nasa como liderança global em exploração espacial. Quem poderia tentar impedir isso é Jared Isaacman, o magnata bem-intencionado e apaixonado por espaço que Trump havia indicado para presidir a agência. Ocorre que, no dia seguinte, a Casa Branca indicou a retirada da indicação de Isaacman, coincidindo com a saída de Elon Musk do governo. Há relação umbilical entre as duas coisas, já que Isaacman era um protegido de Musk.

E, como se isso não bastasse, na última quinta-feira (5), Donny e o menino Elon protagonizaram uma briga de escola nas redes sociais –cada um na sua, claro. Enquanto o presidente Taco (entendedores entenderão) ameaçava, na Truth Social, cortar bilhões de contratos e subsídios com as empresas de Musk, o menino Elon retrucava na sua rede X que, já que esse era o caso, iria proceder com o descomissionamento imediato das cápsulas Dragon –hoje o único meio de acesso tripulado dos americanos à Estação Espacial Internacional.

Tudo não deve passar de bravata, mas uma escalada poderia degringolar de vez o que ainda funciona no programa americano. Hoje, tanto o braço civil (Nasa) como o militar (Força Espacial) dependem da SpaceX. Não porque eles tenham optado por isso, mas porque a empresa foi a única que realmente entregou de forma confiável os serviços contratados.

Exemplo: a Força Espacial tem duas fornecedoras de lançamentos para seus satélites-espiões ou de GPS: a SpaceX e a ULA. Só que ULA só conseguiu fazer um lançamento do seu novo foguete Vulcan, enquanto o Falcon 9, da SpaceX, voa toda semana.

A Nasa contratou duas empresas para transporte de carga para a estação: Orbital (hoje parte da Northrop Grumman) e SpaceX. A Orbital teve problemas recentes com seu cargueiro Cygnus, deixando a Dragon como única opção. A mesma coisa aconteceu na contratação de transporte de tripulações: a Nasa contratou Boeing e SpaceX, mas todos vimos o que aconteceu com a cápsula da Boeing, com os astronautas indo nela e tendo de voltar de SpaceX.

Para as missões Artemis à Lua, a SpaceX é uma das duas empresas contratadas para fornecer o módulo de pouso lunar. A outra é a Blue Origin, que está mais atrasada e dificilmente poderia substituir o Starship para as primeiras alunissagens. Enquanto a Nasa tropeça nas próprias pernas, os chineses seguem avançando com firmeza rumo à Lua. Mesmo sem essa bagunça será difícil os americanos chegarem lá primeiro. Com ela, impossível.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras na versão impressa, em Ciência.

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Fonte ==> Folha SP – TEC

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