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Negócios precisam transformar intencionalidade em prática – 30/04/2025 – Papo de Responsa

Um grupo de seis pessoas está reunido em um ambiente interno, discutindo sobre um mapa que está sobre uma mesa. As pessoas estão sentadas em almofadas e sofás, com um homem em pé apontando para o mapa. Ao fundo, há uma bandeira verde com o logo

O ecossistema de negócios de impacto socioambiental no Brasil tem crescido de forma consistente nos últimos anos, impulsionado pela expansão de organizações, iniciativas e mecanismos voltados ao desenvolvimento e à consolidação desse setor.

A quarta edição do Mapa de Negócios de Impacto, lançada pela Pipe.Social e pela Quintessa em 2023, identificou mais de mil negócios atuantes no país, número que certamente já é maior. Outro marco foi a criação, pelo governo federal, do Simpacto (Sistema Nacional de Economia de Impacto), em 2024, reforçando a relevância estratégica do campo.

Negócios de impacto são empreendimentos que têm, ou deveriam ter, a intencionalidade de resolver problemas sociais e ambientais, ao mesmo tempo em que geram retorno financeiro. No entanto, na prática, muitos negócios que produzem impactos positivos não se reconhecem, ao menos inicialmente, como de impacto.

É comum encontrar empreendimentos com forte potencial transformador, mas sem estrutura intencional ou mesmo consciência plena de sua atuação nesse campo. Por outro lado, há também os que já nascem com propósito definido e foco claro no impacto.

Ser reconhecido como negócio de impacto exige mais do que resultados positivos. São necessários objetivos claros, acompanhamento das ações e compromisso com mensuração e transparência desses impactos.

Propósito e lucro devem caminhar juntos, desde a modelagem inicial até as etapas mais maduras. Mas como garantir essa integração na prática?

Por muito tempo, duas ferramentas vinham sendo usadas de forma separada: a Teoria da Mudança, voltada à estruturação da narrativa de impacto, e o Canvas de Modelo de Negócio, aplicado à lógica comercial e operacional.

Essa separação tornava difícil construir uma visão integrada capaz de sustentar negócios com equilíbrio entre impacto e sustentabilidade financeira. A criação do Modelo C, em 2018, marcou avanço significativo ao unir essas duas abordagens em uma só ferramenta.

Desenvolvida pela Move Social e pelo Sense Lab, a ferramenta passou recentemente por atualização, com o lançamento de sua versão 2.0.

O contexto global atual, marcado pelo agravamento de crises sociais, ambientais e econômicas, reforça a urgência de repensar o papel de empresas e negócios como agentes de transformação.

As recentes reviravoltas em torno da agenda ESG escancararam os limites de programas superficiais, baseados em ações fragmentadas, que subestimam a complexidade das soluções sistêmicas de que o mundo precisa.

Nesse cenário, ganham força modelos que incentivam uma atuação mais consciente, colaborativa e sistêmica, com foco na transformação estrutural das desigualdades.

O Modelo C propõe justamente uma nova forma de pensar a relação entre impacto e fluxo comercial, convidando todo o ecossistema a se comprometer com mudanças profundas e duradouras, alinhadas à construção de caminhos mais justos.

Esse é um ponto decisivo: se ao longo da jornada não houver clareza e compromisso com a geração de impacto, com metas, objetivos e ações efetivas, o negócio deixa de ser de impacto e passa a ser um negócio como outro qualquer.

A Amaz aceleradora de impacto é um exemplo de organização que aplica o Modelo C no processo de seleção de negócios para investimento, o que tem contribuído para construir diagnósticos ao longo da jornada de aceleração, além de identificar demandas que devem ser endereçadas para que os empreendimentos avancem de forma integrada.

Isso é especialmente importante quando falamos de negócios ligados à sociobiodiversidade, cujo propósito está diretamente relacionado à preservação das florestas e à valorização do conhecimento e da atuação de comunidades que vivem da extração sustentável de alimentos e insumos da mata.

Garantir que a intencionalidade se transforme em impacto precisa ser tarefa cotidiana. Essa é a verdadeira chamada: transformar intenção em ação, propósito em prática, como colaboração fundamental para garantir dignidade e prosperidade para todos e preservar a vida no planeta.



Fonte ==> Folha SP

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