Pesquisa Quaest mostrou que a perda de popularidade do governo Lula continua em curso. A desaprovação bateu nos 56%, contra 41% de avaliações positivas. Em janeiro, essas taxas eram de 49% e 47%.
Daria para organizar uma série de seminários acadêmicos para tentar entender o que está acontecendo. É um fenômeno complexo. Mas parece seguro dizer que não estamos apenas diante de um problema de comunicação, de um governo que produz ótimos indicadores macroeconômicos e tem bons programas sociais, mas não consegue informar a população de suas realizações. A gestão Lula trabalha com esse diagnóstico há meses, vem atuando em conformidade com ele, e os índices de popularidade só pioraram.
Se serve de consolo, a administração Lula não é o único governo do mundo a enfrentar dificuldades. A esquerda de um modo geral atravessa tempos aziagos. Mais até, governantes de diversas inclinações ideológicas vêm passando apuros para manter-se no poder. Cientistas políticos já falam no surgimento de um viés anti-incumbente em eleições.
A ala leibniziana dos petistas talvez tenha ficado feliz com os dados da Quaest que mostram que o presidente venceria todos os rivais da direita num segundo turno, mas é preciso ver esses resultados com certa cautela.
A diferença de Lula para Bolsonaro é de apenas quatro pontos percentuais (dentro da margem de erro). Tarcísio de Freitas, um nome não inelegível do campo bolsonarista, fica a apenas seis pontos do petista. No que talvez seja a pior notícia da pesquisa para Lula, 62% dos brasileiros acham que ele não deveria buscar a reeleição. Joe Biden desafiou percepção semelhante do eleitorado americano e os resultados não foram bons para os democratas.
A situação é delicada. Lula tem fragilidades, mas é o nome mais forte da esquerda para a disputa. É difícil abrir mão de um recall como o dele. Lula precisa decidir logo o que fará. Preparar uma candidatura alternativa consistente exige tempo, além, é claro, de um diagnóstico mais preciso do problema.
Fonte ==> Folha SP