Uma em cada três crianças e adolescentes brasileiros estão com excesso de peso. A obesidade infantojuvenil já é um problema real e em tendência de alta, no Brasil e em grande parte do mundo. Segundo a Unicef, pela primeira vez a obesidade superou superou o grupo abaixo do peso nesta faixa etária. Os efeitos desta doença vão além do impacto individual, constituindo-se como um problema de saúde pública.
Em termos individuais, a obesidade infantojuvenil pode trazer impactos emocionais e risco aumentado de desenvolver precocemente doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão e diabetes tipo 2. No longo prazo, as chances de essas complicações perdurarem na vida adulta são maiores.
Somados, estes efeitos individuais se refletem em custos para a saúde pública. São gastos excessivos referentes a medicamentos, internações e procedimentos. Reduzir e prevenir a obesidade infantojuvenil significa também proteger a viabilidade financeira do sistema de saúde.
A consolidação do paladar que vamos carregar por toda a vida tem sua fase mais importante durante a infância. Por isso, a formação de hábitos alimentares saudáveis desde cedo não deve ser negligenciada. É aqui que entra a construção de um ambiente alimentar que favoreça boas escolhas.
Como em tantos aspectos, a escola pode fazer a diferença na prevenção. Incorporar educação alimentar e nutricional no currículo e incluir os alunos no processo de preparo dos alimentos são estratégias que podem ter efeitos duradouros. A alimentação escolar ofertada precisa ser saudável, priorizar alimentos frescos, variados e sazonais. Não há justificativa nutricional plausível para que ainda haja produtos ultraprocessados sendo ofertados na merenda escolar ou nas cantinas.
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Há evidências de várias partes do mundo que associam a oferta de alimentação escolar com o aumento da matrícula, frequência e melhores resultados de leitura e matemática. Estes efeitos em indicadores educacionais crescem com o tempo de exposição aos programas. No Brasil, estudo do Ipea de 2024 encontrou uma correlação positiva entre a inserção da agricultura familiar no Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e o desempenho dos alunos nas avaliações.
Com base nesse tipo de achados, regulamentações da alimentação escolar vêm surgindo nos diferentes níveis de governo. Diversos municípios restringiram oferta e comercialização de produtos ultraprocessados nas escolas públicas e privadas, e o estado do Ceará aprovou lei que pretende banir a presença desses produtos em todas as escolas.
O mesmo movimento é realizado pelo governo federal com o Pnae, que atende cerca de 40 milhões de estudantes.
Fonte ==> Folha SP