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Organismos internacionais podem perder ajuda com Trump – 12/08/2025 – Vaivém

Um homem com cabelo loiro e terno escuro está falando em um microfone, apontando com a mão direita. Ao fundo, há uma bandeira dos Estados Unidos e uma pintura. Um outro homem está visível atrás dele, observando.

O presidente Donald Trump, com suas ordens executivas voltadas para as diferentes áreas, está reavaliando toda a ajuda americana a organismos internacionais de cooperação e de desenvolvimento nos diversos setores socioeconômicos.

A decisão de revisão pode afetar também o IICA (Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura), um instituto que tem buscado consistentemente por práticas comerciais baseadas na ciência para combater as barreiras não aduaneiras que limitam as exportações agrícolas das Américas.

“O IICA é um patrimônio das Américas, com mais de oito décadas de contribuição decisiva para a agricultura e o comércio no nosso continente. Desde sua criação, o instituto soube transformar ciência em ação concreta, apoiando produtores de todos os portes, modernizando sistemas de sanidade animal e vegetal e removendo barreiras injustificadas ao comércio”.

Essa é a avaliação de Roberto Perosa sobre o instituto. Ele é ex-secretário da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e atual presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes).

Perosa diz que, quando esteve à frente da Secretaria, trabalhou lado a lado com o IICA e constatou “a capacidade que o instituto tem de reunir governos, setor privado, produtores, academia e sociedade civil em um espaço neutro, técnico e confiável, onde se constroem consensos e soluções para desafios que não respeitam fronteiras”.

Perosa está entre uma dúzia de lideranças das Américas que assinou uma carta destacando a importância do IICA no desenvolvimento agrícola das Américas e seu desdobramento, tanto na área econômica como no bem-estar das comunidades rurais.

Para o presidente da Abiec, o cenário atual de mudanças climáticas, crises geopolíticas e pressões sobre o sistema alimentar exigem um fortalecimento de organismos como o IICA, com investimentos na segurança alimentar global, na resiliência do campo e na competitividade das cadeias produtivas.

Para ele, “é preciso apostar na inovação, na diversificação de mercados e no bem-estar das populações rurais, garantindo que o continente americano siga como líder na produção e na exportação de alimentos para o mundo”.

Essas lideranças, vindas dos setores empresarial, político, diplomático, acadêmico e social destacam o trabalho do instituto para promover a produção e o comércio agrícola, apoiar os agricultores e garantir a segurança alimentar nas Américas.

Entre os que assinaram, estão Rattan Lal, Prêmio Mundial da Alimentação e professor da Universidade de Ohio, Kip Tom, vice-presidente de política rural do AFPI (America First Policy Institute), a senadora Cristina Teresa, ex-ministra da Agricultura do Brasil, Gustavo Idígoras, presidente do Conselho Agroindustrial Argentino, Hipólito Mejía, ex-presidente da República Dominicana, além de produtores agrícolas.

Os signatários afirmam que “fortalecer o papel do IICA é uma decisão estratégica para investir em soluções técnicas integradas, na promoção da ciência como aliada da produção agrícola e na capacidade das Américas para responder aos desafios globais com inovação”.

Para os líderes dos diversos setores, após a Segunda Guerra Mundial, o IICA apoiou as inovações científicas e tecnológicas da “Revolução Verde”. Os avanços tecnológicos levaram a declínios na fome em todo o mundo e foram a base para o surgimento do continente como a principal região exportadora líquida de alimentos, tornando-se uma âncora crucial para a segurança alimentar global.

A carta destaca, ainda, o papel do IICA em reunir as Américas e abordar questões a partir da diplomacia agrícola, além do apoio dado aos países na implementação de padrões e sistemas de prevenção de doenças cientificamente fundamentados para lidar com a sanidade animal e vegetal.

Com o objetivo de “transformar ciência em ação”, o instituto, em parceria com empresas do setor privado, obteve resultados significativos na restauração de solos por meio de seu programa de Solos Vivos das Américas, com o Centro de Carbono Lal da Universidade do Estado de Ohio.

Os representantes do setor destacam, ainda, o apoio ao agricultor familiar, ajudando-o a se adaptar a ameaças específicas, como a erosão do solo, secas e calor extremo, e auxiliando-o nas abordagens ambientais para aumentar a resiliência e fortalecer a prevenção de desastres.

Biocombustíveis, bioeconomia, assistência técnica, migração interna e internacional, além de diversificação da produção também fazem parte do foco do IICA, segundo os signatários da carta. Eles terminam afirmando que “fortalecer o papel do IICA é uma decisão estratégica. Trata-se de investir em soluções técnicas integradas, na promoção da ciência como aliada da produção agrícola e na capacidade das Américas de responder aos desafios globais com inovação”.



Fonte ==> Folha SP

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