A Prefeitura de Paris anunciou nesta sexta-feira (5) um projeto simbólico e histórico: homenagear mulheres cientistas na Torre Eiffel, um dos monumentos mais emblemáticos do mundo. A proposta prevê a inclusão de uma nova frisa com os nomes de 72 mulheres que marcaram a história da ciência e da tecnologia, posicionada acima da frisa original, que traz os nomes de 72 homens —todos gravados por ordem de Gustave Eiffel há mais de 130 anos, durante a construção da torre, em 1889.
A iniciativa, liderada por uma comissão de especialistas, tem como objetivo dar visibilidade à contribuição feminina nas ciências, frequentemente ignorada ao longo da história.
O projeto busca corrigir o chamado “efeito Matilda”, termo que descreve a tendência de minimizar ou apagar o papel das mulheres na pesquisa científica. À frente da comissão estão a astrofísica Isabelle Vauglin, vice-presidente da associação Femmes & Sciences, e Jean-François Martins, presidente da empresa Sete, responsável pela gestão da Torre Eiffel.
A frisa original, localizada no primeiro andar do monumento, traz nomes de grandes cientistas franceses como Lavoisier, Laplace, Ampère e Daguerre. Pintados originalmente em letras douradas de 60 centímetros, esses nomes desapareceram após reformas e só foram restaurados em relevo em 1989.
Ausência de mulheres
Nenhuma mulher foi incluída na homenagem inicial, mesmo com figuras como a matemática Sophie Germain já reconhecidas na época – uma ausência que hoje é vista como reflexo da invisibilização histórica das mulheres na ciência.
A nova seleção será composta por cientistas de destaque que viveram entre 1789 e os dias atuais, todas já falecidas e, em sua maioria, de nacionalidade francesa.
A lista será apresentada à prefeita Anne Hidalgo até o final de 2025. Para garantir paridade e respeitar a estética do monumento, os nomes das mulheres serão gravados no contorno externo do primeiro andar, acima da frisa existente, seguindo o estilo original definido por Eiffel.
Com essa iniciativa, Paris dá um passo importante na valorização da memória científica feminina, inscrevendo na estrutura de ferro da Cidade Luz os nomes de mulheres que ajudaram a moldar o conhecimento humano.
(Com AFP)
Fonte ==> Folha SP – TEC