A Petrobras acaba de escrever um novo capítulo na história da representatividade feminina no setor energético brasileiro. O Conselho de Administração da empresa elegeu na sexta-feira (11) a engenheira Angélica Garcia Cobas Laureano para o cargo de Diretora Executiva de Transição Energética e Sustentabilidade, fazendo com que, pela primeira vez em seus mais de 70 anos de existência, a diretoria executiva da Petrobras tenha maioria feminina.
Com a nomeação de Angélica Laureano, a diretoria da Petrobras passa a contar com cinco mulheres entre nove integrantes totais. Além dela, o Conselho de Administração tem em seu quadro as diretoras Clarice Coppetti, Renata Baruzzi, Sylvia Anjos e a presidente Magda Chambriard, evidenciando uma transformação significativa em um setor tradicionalmente dominado por homens.
Angélica Laureano traz para o cargo uma bagagem profissional impressionante: 45 anos de experiência no mercado, sendo 37 deles dedicados à Petrobras e 21 anos ocupando posições gerenciais. Sua trajetória na empresa incluiu passagens pelas áreas de Materiais, Abastecimento, Gás e Energia, além de ter exercido a presidência da Gaspetro, subsidiária da Petrobras em parceria com a Mitsui Gás S.A., responsável pela gestão de participação em 19 distribuidoras de gás natural em diversos estados brasileiros.
A escolha de Laureano para comandar a área de Transição Energética e Sustentabilidade ganha ainda mais relevância quando se considera a importância estratégica desta diretoria para a companhia. A diretoria de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras foi criada em abril de 2023, com o objetivo de concentrar e potencializar as ações da companhia relacionadas à transição energética. A área reúne os processos de gás e energia, mudanças climáticas, descarbonização e energias renováveis, atuando em sinergia com outras áreas da empresa.
O cenário brasileiro de representatividade feminina em cargos de liderança empresarial torna o feito da Petrobras ainda mais significativo. Segundo o estudo “Mulheres em ações”, divulgado pela B3 em setembro de 2024, apenas 6% das 359 companhias listadas na bolsa brasileira têm três ou mais mulheres em sua diretoria. E mais: em 59% dessas empresas não há nenhuma representação feminina na diretoria.
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, destacou a importância desta transformação organizacional. “Estamos comprometidas em ampliar a participação feminina em todos os setores da Petrobras porque acreditamos que o ambiente de trabalho é mais saudável e produtivo quando há diversidade na equipe”, disse Magda. “Espero que possamos inspirar outras mulheres a almejarem posições de liderança, especialmente no setor de petróleo e gás, ainda majoritariamente masculino.”
Angélica Laureano assumiu o cargo com objetivos claros e ambiciosos. “Seguiremos investindo fortemente em projetos de descarbonização, na produção de combustíveis mais sustentáveis e na diversificação de fontes de energia renovável. Como líderes na transição energética, reiteramos o compromisso de zerar nossas emissões operacionais, o net zero, até 2050”, declarou a nova diretora.
A experiência prévia de Laureano no setor de gás natural será fundamental para sua nova função. Após sua aposentadoria inicial da Petrobras, ela atuou como consultora em diversos projetos na área de Gás Natural e, mais recentemente, exerceu a Presidência da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil SA. Esta experiência diversificada a posiciona de forma única para liderar os esforços de transição energética da companhia.
O processo de seleção seguiu rigorosamente os procedimentos internos de governança corporativa da Petrobras. A indicação foi submetida às análises de conformidade e integridade necessárias ao processo sucessório da companhia, demonstrando o compromisso com a transparência e as melhores práticas de governança. O prazo de gestão da nova diretora vai até 13 de abril de 2027, mesmo período dos demais membros da Diretoria Executiva.
Transição energética justa
O momento escolhido para esta transformação na liderança da Petrobras não é coincidência. O setor energético mundial passa por uma das maiores transformações de sua história, com pressões crescentes por descarbonização, desenvolvimento de energias renováveis e práticas mais sustentáveis. Ter uma liderança diversa e experiente pode ser determinante para o sucesso nesta transição complexa e estratégica para o futuro da companhia e do país.
Líder na transição energética justa, a Petrobras tem como meta neutralizar as emissões operacionais de gases de efeito estufa até 2050, e também de influenciar os parceiros que não estão diretamente envolvidos nas operações diárias da empresa a fazerem o mesmo. Para isso, a empresa está investindo no desenvolvimento de fontes renováveis no país e na diversificação rentável do portfólio, com respeito ao meio ambiente e foco total nas pessoas.
O compromisso da Petrobras com a transição energética vai muito além da criação de uma diretoria específica. A empresa lançou em novembro de 2024 o Plano Estratégico 2050 e o Plano de Negócios 2025-2029, que prevê um total(a) de investimentos de US$ 16,3 bilhões em transição energética. Esse montante representa uma parcela significativa dos US$ 111 bilhões, sendo US$ 98 bilhões na Carteira de Projetos em Implantação e US$ 13 bilhões na Carteira de Projetos em Avaliação previstos para o período.
Fonte ==> Exame