Search
Close this search box.
Search
Close this search box.

Por que Israel ataca o Irã agora? – 13/06/2025 – Hélio Schwartsman

A imagem mostra uma cena de destruição em uma área urbana, com prédios danificados e escombros espalhados pelo chão. Um caminhão de bombeiros está presente, com luzes acesas, enquanto várias pessoas, incluindo bombeiros e civis, estão trabalhando para limpar os destroços. Há carros danificados na calçada e árvores ao fundo, com um céu nublado ao entardecer.

Há décadas Israel fala em atacar o Irã para impedir o regime dos aiatolás de conseguir sua bomba atômica. Por que decidiu agir agora? A resposta tem algo de “Os Canhões de Agosto”, obra em que Barbara Tuchman explica a 1ª Guerra Mundial como resultado de erros de cálculo cometidos por todas as partes. Eram decisões que até faziam sentido num contexto, mas que, no instante seguinte, se revelaram uma armadilha da qual era quase impossível recuar.

Durante muito tempo, Teerã, sem jamais renunciar ao objetivo de desenvolver armas nucleares, projetava seu poder na região através de milícias-clientes. Estamos falando do Hezbollah, no Líbano, do Hamas, na Faixa de Gaza, e dos houthis, no Iêmen.

Os ataques terroristas do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023 implodiram esse arranjo. A resposta de Tel Aviv foi devastadora, uma carnificina que já cobrou a vida de mais de 50 mil palestinos em Gaza e degradou significativamente a capacidade militar do grupo.

E o governo do premiê Binyamin Netanyahu não se limitou ao Hamas. Israel também foi para cima do Hezbollah, eliminando grande parte de suas lideranças. Tel Aviv e Teerã chegaram mesmo a trocar alguns ataques diretos.

Com dois de seus três aliados seriamente avariados, os aiatolás concluíram que sua melhor saída seria correr com a bomba. Netanyahu viu aí um cronograma para atacar. Ou agia agora ou teria de lidar com inimigo nuclearizado mais tarde.

Mais do que isso, o premiê israelense, que em algum momento terá de acertar contas com a opinião pública interna pelos erros e falhas de segurança que possibilitaram o 7 de outubro, viu também uma oportunidade política. Se Israel fizesse eleições hoje, o partido de Netanyahu perderia. Se tiver uma derrota do Irã para exibir na campanha, esse quadro pode se reverter.

Para Netanyahu, permanecer no poder é questão existencial. Fora do posto, ele voltaria a enfrentar processos judiciais que podem pô-lo na cadeia.

É meio assustador constatar que a estabilidade mundial dependa de cálculos assim comezinhos.



Fonte ==> Folha SP

Relacionados