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Tensão com Trump faz autores desistirem de Flip e Bienal – 07/05/2025 – Walter Porto

lamparina refletida em poça de água no chão de pedra

A tensão provocada pelo cerco às universidades e pela política migratória de Donald Trump nos Estados Unidos está começando a ter consequências na cena cultural do Brasil.

Escritores e intelectuais radicados ali têm se recusado ou desistido de viajar para fora, com medo de terem problemas para voltar depois —e isso já causou baixas nos dois principais festivais literários brasileiros, a Bienal do Livro do Rio e a Festa Literária Internacional de Paraty.

No caso da Flip, uma autora americana distinguida com prêmios importantes voltou atrás numa participação já confirmada no fim de julho por não se sentir mais confortável em fazer uma viagem tão longa para fora dos Estados Unidos.

A escritora, familiar a ambientes universitários, disse em reserva que estava animada com a viagem a Paraty, mas agora receava que, com uma possível escalada de protestos, o governo declarasse emergência nacional ou mesmo Lei Marcial, o que poderia dificultar muito a entrada (ou reentrada) nas fronteiras.

Essa autora nasceu nos Estados Unidos, mas a Flip teve ao menos duas outras recusas de escritores proeminentes que fizeram carreira naquele país, mas são naturais de outros lugares e têm atuação destacada na academia. Ambos alegaram, contudo, problemas de agenda.

Já quanto à Bienal, que acontece no próximo mês no Rio de Janeiro, um autor palestino que mora em Nova York também tinha viagem confirmada para participar como convidado, mas foi aconselhado a não sair do país por motivos de segurança.

O escritor viria lançar dois livros por uma editora relevante e independente, que planejava uma agenda mais ampla com o escritor pelo Brasil, mas acabou cancelando sua vinda.

Diversos universitários estrangeiros têm relatado medo de sair do país e acabar com seus vistos interrompidos, um sintoma do clima de forte apreensão e instabilidade gerado pela investida do presidente contra as instituições de ensino superior e pesquisa.

O governo tem buscado um maior controle sobre as atividades letivas e a movimentação no campus, numa atitude tida como resposta às mobilizações pró-Palestina que inquietaram as universidades desde o governo Joe Biden.

Trump tem cortado financiamento à ciência, congelado repasse de verbas a instituições que não o atendem e ameaçado estudantes com prisão, no que tem sido considerado um ataque frontal às liberdades acadêmicas.



Fonte ==> Folha SP

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