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Trump faz da truculência a base de sua política migratória – 28/02/2025 – Opinião

A imagem mostra uma família dentro de uma barraca. Um homem está sentado no chão à esquerda, enquanto uma mulher em pé segura uma criança pequena. A mulher está vestindo um casaco rosa e a criança está vestida com um casaco azul. À direita, uma outra criança está parcialmente visível, usando um casaco amarelo. O interior da barraca é iluminado e apresenta um fundo verde.

Em pouco mais de um mês, Trump pôs em marcha uma perseguição contra estrangeiros em situação irregular no país e condenou cerca de 270 mil latino-americanos e caribenhos ao limbo do lado mexicano da fronteira do país.

Na série de reportagens “Pesadelo Americano“, a Folha revela o caráter eticamente indefensável da decisão do republicano de extinguir o CBP One, aplicativo criado em 2023 para agendar as solicitações de acesso aos Estados Unidos —de janeiro a fevereiro, cerca 30 mil audiências marcadas foram subitamente canceladas.

A iniciativa inclui o envio adicional de tropas à região, a expansão do muro que construiu em seu governo anterior e o bloqueio de recursos federais a organizações de apoio a imigrantes.

Uma enxurrada de ações judiciais tenta reverter o quadro, mas ainda não abala a retórica de Trump, que acusa falsamente os imigrantes de criminosos.

Se há uma invasão de imigrantes, como clama o mandatário e seus apoiadores, dados recentes a contradizem. A apreensão de indocumentados na fronteira caiu de um pico histórico de 302 mil, em dezembro de 2023, para 61,3 mil em janeiro deste ano.

Aqueles que driblaram os controles, jamais flexibilizados, compõem a massa de 13,7 milhões de imigrantes irregulares. Trata-se de 4% da população de uma nação onde prevalece o pleno emprego e atividades braçais raramente são exercidas por descendentes de europeus.

Trump, por óbvio, pouco importa-se com a antiga crise humanitária do lado mexicano, onde migrantes de vários países aglomeram-se com a esperança de trabalhar nos EUA, o que gera impostos ao governo americano.

Já se sabia que não seria de seu feitio atentar-se a relatos como o do haitiano Jean ou das hondurenhas Wendy Yamileth e Marlén Cabrera, ouvidos pela reportagem. Como milhares que lutaram para chegar à fronteira, aguardavam audiência pelo CBP One quando souberam da sua extinção. Resta-lhes o refúgio no México ou o retorno a suas origens.

Da política migratória de Trump, alheia a princípios constitucionais, dos direitos humanos e às necessidades do mercado de trabalho dos EUA, sobressai a omissão em fomentar a cooperação econômica e de segurança com os países de onde provém os estrangeiros em desespero.

Até o momento, prevalece sua incitação a uma guerra comercial com vizinhos e aliados que também visa conter as levas migratórias, criando assim um círculo vicioso que em nada beneficiará a população americana.

editoriais@grupofolha.com.br



Fonte ==> Folha SP

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