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Uma década de combate à mentira: checagem de fatos segue firme – 01/04/2025 – Opinião

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Esta quarta-feira, 2 de abril, é o Dia Internacional do Fact-Checking. E, há mais de dez anos, a checagem de fatos é uma ferramenta decisiva em momentos cruciais do Brasil.

No impeachment de Dilma Rousseff (PT), esse tipo de serviço ajudou a desmentir alegações de adversários e de apoiadores da ex-presidente. Na Operação Lava Jato, esmiuçou informações jurídicas complexas e elucidou boatos sobre delações premiadas. Na reforma trabalhista de Michel Temer (MDB), combateu mitos e dúvidas dos trabalhadores. Nas eleições de 2018 e 2022, apontou mentiras de Jair Bolsonaro (PL), Fernando Haddad (PT) e Lula (PT). Na morte de Marielle Franco (PSOL), provou ser falsa a associação dela com o narcotráfico e expôs uma das primeiras campanhas coordenadas de ataque à imagem de uma mulher pública vistas no país.

Na pandemia de Covid-19, a checagem fez frente à desinformação sobre vacinas, prevenção e tratamentos ineficazes. Usou dados precisos para mostrar, com simulações gráficas mundialmente premiadas, a devastação causada pelo vírus. Nas queimadas na Amazônia e no Centro-Oeste, mostrou quais imagens correspondiam, de fato, aos desastres. E nas inundações no Rio Grande do Sul também serviu de norte a quem queria ajudar.

A metodologia do fact-checking serve ainda para enfrentar golpes e fraudes financeiras. No recém-lançado SeráQueégolpe.com.br, a Lupa já reúne centenas de casos e evita que milhares de brasileiros caiam em armadilhas que miram seus bolsos e seus dados todos os dias.

Mas, em 2015, quando a Lupa nasceu como a primeira agência de notícias especializada em fact-checking do Brasil, o país mal conhecia o termo. Donald Trump ainda não havia catapultado a expressão “fake news” à fama global. A desinformação não era a indústria que é hoje.

De lá para cá, a desinformação ficou mais complexa, mas a Lupa colaborou para tirar o país das bolhas das fake news. Se em 2015 as redações de jornais não contavam com profissionais capazes de analisar imagens e vídeos adulterados, por exemplo, hoje há unidades dedicadas a isso. Há também uma preocupação real de políticos e celebridades em usar dados corretos, para que a Lupa não dê um selo de “falso” neles. E toda vez que um evento impacta o país, para o bem ou para o mal, nossas redes sociais e aplicativos de mensagem são inundados de pedidos: “E aí, Lupa? Quem tem razão?”. É uma prova de que o trabalho importa.

Há quem diga que o fact-checking está sob ataque e corre risco. A esses, resta lembrar que a checagem nasceu nos anos 1990, bem antes de Zuckerbergs, Musks e da indústria da tecnologia. Bem antes da economia da atenção. As acusações infundadas que tecnocratas fazem contra a checagem não vão tirá-la de cena. Em dez anos, a equipe da Lupa cresceu de 4 para 35 pessoas. Outras organizações do ramo tiveram experiências similares.

A missão da checagem de fatos é melhorar o debate público, oferecendo dados concretos e comprováveis. É ser útil em cada decisão do dia a dia, individual ou coletiva. Ser um escudo diário para quem quer —de verdade— separar fato de ficção. Informação de qualidade importa, e com a checagem ela chega com transparência e agilidade. Ajudamos nesse processo há dez anos e seguiremos firmes por muitas décadas mais à frente.

TENDÊNCIAS / DEBATES

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.



Fonte ==> Folha SP

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