Search
Close this search box.
Search
Close this search box.

Bolsonarismo agora começa a dar tiros em bancos – 23/08/2025 – Vinicius Torres Freire

Jair Bolsonaro, um homem com cabelo castanho claro e liso, usando uma camisa amarela. Ele está olhando para a câmera com uma expressão séria. Ao fundo, há outras pessoas desfocadas, e uma bandeira do Brasil é visível em um dos lados da imagem.

O bolsonarismo faz qualquer negócio. Agora, começa a dar tiros na estabilidade de bancos. Elites políticas e econômicas continuam a colaborar no projeto da arquitetura da destruição, agora também econômica. É colaboracionismo.

A ideia de que a propaganda criminosa e os crimes dos Bolsonaro seriam farsa na prática insignificante sobreviveu mesmo depois de Jair Bolsonaro ter ocupado a cadeira de presidente. Ainda em 2022, os crimes que cometeu durante o mandato eram considerados ficção esquerdista pelos adeptos convictos e tolerados por aqueles que faziam o cálculo supostamente pragmático de que se tratava do preço para manter Luiz Inácio Lula da Silva longe do poder.

Para os “pragmáticos”, o bolsonarismo continua farsesco e de inépcia idiota. Suas consequências, pois, seriam negligenciáveis, no que lhes interessa. Em última análise, seria controlável por acordão de elites políticas e econômicas, como aqueles que se faziam pelo menos desde 2016.

As investigações das tentativas de golpe de 2022-23 pouco modificaram tais ideias. Para parte dos adeptos da tolerância, tal crença foi transformada no plano “bolsonarismo sem Bolsonaro”: usar os votos dele para eleger um líder do “bolsonarismo moderado”.

O bolsonarismo é uma espécie de movimento revolucionário movido pelas redes, uma insurreição permanente. Suas lideranças se alimentam desse movimento e precisam mantê-lo vivo. O que elites econômicas e políticas acham que vai sair daí?

A conspiração dos Bolsonaro com Donald Trump prejudica milhares de empresas. Muitos dos frequentadores da casa de tolerância dos Bolsonaro ainda dizem que Lula e seu esquerdismo “Sul Global” seriam os responsáveis pelo prejuízo. É o mesmo padrão de negacionismo ou cumplicidade que se vê desde fins de 2017.

Agora, bolsonaristas espalham boatos sobre bancos, sugerem que correntistas esvaziem suas contas. Em tempos antigos, uma corrida (saques em massa) quebrava bancos. Fundos garantidores e bancos centrais em muito atenuaram esse risco de evaporação de haveres de correntistas e de convulsão econômica. Mas o risco de tumulto permanece.

É exagero, diz o adepto da ideia do bolsonarismo como farsa. Alguns esperam ganhar com a degradação institucional, outros nem a enxergam, mesmo quando a água suja começa a bater nas costas.

Considere-se um trecho de uma resolução de 2023 do Parlamento Europeu sobre a Hungria, que apodrece sob a autocracia admirada pelo bolsonarismo. Há “consternação” com os “relatos sobre métodos de intimidação, como visitas da polícia secreta aos escritórios de algumas empresas, e outras formas de pressão utilizadas por certos indivíduos que se sabe estarem ligados ao círculo próximo ou ao gabinete do primeiro-ministro, com o objetivo de colocar sob o seu controle setores da indústria húngara considerados ‘estratégicos’”.

De volta ao poder, o bolsonarismo pode criar máfias econômicas (Rússia), expropriar e destruir (Venezuela), desapropriar por coação (Hungria). Vejam o exemplo de Trump, a extorquir empresas. Foi a direita alucinada (Collor) que deu calote na dívida pública.

O bolsonarismo é defesa de ditadura, tortura, genocídio indígena, ameaça de estupro. É o morticínio da epidemia, promessas públicas e tentativas de golpe, conluio contra exportadores e, agora, crimes contra o sistema financeiro. Quem não for parte da solução, é parte do problema. Ou fantasia lucrar com o problema.



Fonte ==> Folha SP

Relacionados