(Bloomberg) — O setor de consultoria tem enfrentado ventos contrários em mercados-chave, do Reino Unido e China à Arábia Saudita e Austrália nos últimos anos. Mas seu desafio mais recente pode vir de dentro.
Quase 150 ex-funcionários de empresas como McKinsey & Co., Bain & Co. e Boston Consulting Group foram recentemente contratados por um terceiro para treinar modelos de inteligência artificial sobre como realizar as tarefas de nível inicial da indústria, segundo documentos vistos pela Bloomberg News.
O projeto tem o codinome Argentum, mostram os documentos. Está sendo conduzido pela mesma startup de rotulagem de dados que ajudou a contratar mais de cem ex-banqueiros de investimento para treinar os sistemas da OpenAI em como construir modelos financeiros, disseram pessoas familiarizadas com o assunto, que preferiram não se identificar por se tratar de informação privada.
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A iniciativa surge em um ponto de inflexão para a indústria global de consultoria, onde a incerteza econômica mundial provocou uma queda na demanda por seus serviços. Como resultado, muitas empresas estão recorrendo à IA para ajudar a reduzir o quadro de funcionários e entregar projetos mais rapidamente.
Na McKinsey, por exemplo, os funcionários estão cada vez mais elaborando propostas e criando slides de PowerPoint por meio de uma plataforma proprietária de IA generativa chamada Lilli, informou anteriormente a Bloomberg.
Enquanto o Projeto Argentum pretende oferecer às empresas de consultoria a oportunidade de terceirizar parte do trabalho braçal normalmente realizado por funcionários de nível inicial para a IA, ele também pode permitir que alguns usuários contornem completamente os consultores de gestão, especialmente para aquelas tarefas tipicamente feitas por trabalhadores juniores.
Em um sinal de como a IA já está começando a remodelar algumas indústrias, a Amazon.com Inc. anunciou recentemente planos para eliminar cerca de 14.000 empregos corporativos. E no início desta semana, o veterano negociador de Wall Street Paul Taubman alertou que os bilhões de dólares que estão fluindo para o setor de IA trarão mudanças que ameaçam abalar o sistema econômico global.
A contratação para o Projeto Argentum está sendo liderada pela Mercor, uma startup de recrutamento movida por inteligência artificial, mostram os documentos. O trabalho do projeto envolve o uso de modelos de IA, incluindo o Gemini do Google, mostram os documentos. Um representante do Google recusou-se a comentar.
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Após enviar seus currículos, os candidatos ao Projeto Argentum passam por uma entrevista de IA de 15 minutos e os selecionados recebem pagamentos diários por suas contribuições. Eles podem ganhar pelo menos US$ 110 por hora, com limite de 19 horas por semana, disse uma pessoa familiarizada com o assunto.
A Mercor recusou-se a comentar, mas um anúncio de emprego no site da empresa, sediada em São Francisco, confirma que está contratando consultores experientes “para colaborar com um laboratório líder de pesquisa em IA em um projeto de longo prazo focado em benchmarking e melhoria das capacidades dos modelos de IA de ponta.”
As qualificações ideais incluem mais de dois anos de experiência na McKinsey, Bain, BCG, “ou em uma empresa de consultoria igualmente competitiva,” segundo o anúncio de emprego visto pela Bloomberg.
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Ex-consultores que trabalham no Argentum devem completar uma “lista de verificação do escritor de consultoria” antes de enviar tarefas para revisão, mostra o documento. Ele alerta para pausas no contrato se conjuntos de dados idênticos forem reutilizados, por exemplo, e adverte contra prompts de escrita que se assemelhem a um estudo de caso de consultoria.
“Lembre-se: Essas tarefas serão entregues aos clientes da Mercor ao final do projeto,” alerta o documento. “Com isso em mente, sempre escreva como se sua tarefa pudesse ir direto para um dos grandes laboratórios de IA com seu nome anexado a ela. Pequenos erros de digitação e estruturação confusa podem causar atrasos na revisão e levar a credibilidade questionável.”
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Fonte ==> Exame
