No palco do Annual Meeting da XP Asset, nesta quinta-feira (27), Guilherme Benchimol, presidente executivo do Conselho de Administração da XP Inc.., fez um alerta direto a quem empreende: crescer exige deixar a zona de conforto para trás.
Segundo ele, o fundador precisa ter coragem para “abandonar aquilo que fez bem e se jogar naquilo que nunca fez”, trocando o papel de operador pelo de gestor de pessoas e, depois, pelo de líder institucional, mesmo sabendo que esse é o caminho mais difícil.
“Empreender é se transformar ao longo dos anos. É abandonar aquilo que você fez bem e se lançar naquilo que nunca fez. Isso é muito difícil. Por isso, é preciso ter coragem e muita humildade”, afirmou Benchimol, em conversa com Matheus Lombardi, CEO do InfoMoney.
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No início da jornada, o empreendedor precisa ser quase obcecado pela operação, mas essa postura se torna um limite conforme a empresa cresce. “No começo, é importante que você seja um operador, mas chega um momento em que você precisa trocar de personagem e passar a ser um gestor de pessoas”, disse.
Benchimol afirmou que essa mudança de postura foi fundamental na trajetória da EXP. Ele lembrou que, por muito tempo, teve um perfil extremamente centralizador, e que a virada aconteceu quando percebeu a necessidade de formar lideranças e dar espaço para pessoas melhores do que ele em determinadas funções.
Ao falar sobre aprendizados, o fundador da EXP destacou que seus erros mais graves não foram financeiros ou estratégicos. “Acho que os erros mais graves que cometi foram com pessoas”, disse.
No início, é comum o empreendedor acreditar que consegue transformar as pessoas. “Quando você começa uma empresa e é mais jovem, talvez tenha a crença de que pode mudar as pessoas”, afirmou.
Para Benchimol, insistir em talentos que não se encaixam na cultura da empresa é uma armadilha. “É importante ter gente competente, mas é fundamental ter pessoas que entendam e vivam a nossa cultura.”
Condição para crescer
Outro ponto central do painel é a importância da humildade como pilar para sustentar o crescimento. Benchimol disse que o sucesso costuma aumentar a autoconfiança, mas que a linha entre isso e a arrogância é perigosa.
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“Não vejo outro caminho. Se você quer crescer, precisa se manter humilde, aberto e trabalhar com pessoas melhores do que você”, afirmou.
Na visão dele, a arrogância é o começo do declínio de qualquer líder. Por isso, defendeu que o fundador precisa ter maturidade para abrir espaço quando a empresa exige outro nível de gestão.
“Quando você começa uma empresa, é importante ser 100% empreendedor e acreditar no seu sonho. Mas, à medida que cresce, precisa ser mais estruturado e menos empreendedor”, disse.
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Segundo Benchimol, a abertura de capital marca esse ponto de inflexão. A empresa se torna mais complexa, passa a lidar com múltiplos stakeholders e exige um perfil de liderança mais institucional.
Legado e motivação
Na parte final da conversa, Benchimol conectou essa trajetória pessoal ao legado que pretende deixar. Segundo ele, o compromisso com a EXP é de longo prazo, e seu objetivo é continuar transformando o mercado financeiro brasileiro.
“Quem vai melhorar o país são os empreendedores”, afirmou. “Contar essa história ajuda outros empreendedores a acreditarem mais no Brasil e a construírem histórias ainda melhores e mais inspiradoras que as nossas.”
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Ele também falou sobre a importância de equilibrar carreira e vida pessoal, especialmente em um mundo cada vez mais acelerado. “É fundamental ser um ser humano melhor, ter mais tempo de qualidade com a família. O mundo hoje é tão ansioso, tão conectado… Conseguir estar mais presente é uma meta importante”, concluiu.
Fonte ==> Exame