Em novo relatório do Bradesco, economistas investigam quais setores da economia brasileira possuem o maior potencial de aplicação da inteligência artificial generativa (genIA). Foram usados dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) e a Classificação de Ocupações, ambas pesquisas do IBGE, para entender qual seria o impacto por segmento no país.
Para entender a aplicação, os economistas usaram um índice de aplicabilidade, que mede como as atividades de cada profissão poderiam ser beneficiadas pela implementação de IA.
O índice foi feito a partir de um estudo realizado por pesquisadores da Microsoft, que ainda está passando por processo de revisão e publicação. O grupo de estudo analisou conversas anônimas entre os usuários e sistemas de IA, e o cálculo para formar o índice foi feito a partir disso.
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Os resultados indicam que carreiras que dependem mais de conhecimento e comunicação têm maior potencial de uso da tecnologia. Já as funções que exigem trabalho manual ou presença física tendem a ter baixa compatibilidade.
O relatório do Bradesco reforça que só porque existe uma maior adoção da IA em determinados segmentos, não significa que o impacto será automático. Os autores da pesquisa original reforçam que o índice de aplicabilidade não mede o risco de demissão, apenas o uso de frequência de IA em cada profissão.
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“A aplicação da IA pode apresentar complementaridade com o emprego humano, gerando aumento de produtividade sem substituição direta. Além disso, a requalificação do trabalhador pode permitir que trabalhadores se beneficiem dos ganhos da adoção de IA pelo setor”, afirma o relatório. “O uso de IA deve ser mais intensivo nos próximos anos e o desenho do mercado de trabalho, dos setores e da própria economia tende a ser transformado por essa inovação”.
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Veja a lista de maior aplicabilidade
As 10 atividades com maior capacidade de implementar a inteligência artificial generativa são:
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- Atividades auxiliares dos seguros, da previdência complementar e dos planos de saúde (39%);
- Atividades de teleatendimento (38%);
- Atividades imobiliárias (36%);
- Agências de viagens, operadores turísticos e serviços de reservas (32%);
- Representantes comerciais e agentes do comércio (exceto veículos automotores e motocicletas) (32%);
- Comércio de artigos do vestuário, complementos, calçados e artigos de viagem (30%);
- Comércio de artigos de escritório e de papelaria; livros, jornais e outras publicações (30%);
- Atividades auxiliares dos serviços financeiros (30%);
- Educação superior (29%);
- Atividades de consultoria em gestão empresarial (29%)
Em relatório, os economistas pontuam que atividades com maior aplicabilidade da IA tendem a pagar salários maiores. “Em média, esses setores tendem a registrar uma remuneração que é maior em cerca de R$ 120 para cada ponto percentual adicional do indicador”, diz o relatório. Vale destacar que o cálculo foi feito considerando somente atividades que empregam, no mínimo, 100 mil pessoas no Brasil.
Foi observado que a aplicabilidade da IA varia entre 4% e 39% dentro das atividades analisadas. “Das 10 atividades com maior aplicabilidade, 7 possuem salário superior à média nacional, atualmente em R$ 3.369”, aponta o relatório.
Em relação aos serviços com menor compatibilidade com inteligência artificial generativa, a grande parte envolve trabalho físico, tornando mais difícil de implementar a tecnologia.
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“Serviços domésticos e atividades da agropecuária possuem a menor correspondência entre o uso de IA generativa com a ocupação típica do setor”, diz o relatório. O primeiro setor mencionado emprega mais de 5 milhões de pessoas no país, e no caso da agropecuária, são 7,7 milhões.
- Serviços domésticos (4%);
- Cultura de café (6%);
- Cultivo de cacau (6%);
- Cultivo de fumo (6%);
- Cultivo de mandioca (6%);
- Cultura de banana (6%);
- Criação de bovinos (6%);
- Cultivo de milho (6%);
- Cultivo de outras plantas e frutas de lavoura permanente não especificadas anteriormente (7%);
- Cultivo de cana-de-açúcar (7%).
Fonte ==> Exame